Douglas Araujo. Oficina papel artesanal, projeto Arte Ação Ambiental, c.2000
Múltiplas vozes e reflexões: Raízes do Arte Ação Ambiental e Macquinho
Bia Jabor, Carlos Artur Felipe, Eliana Carrapateira, Leandro Almeida, Luiz Hubner, Márcia Campos, Marcos Barreto, Nuno Sacramento e Thatiana Diniz
Nota editora: As seguintes reflexões se entrelaçam como histórias do projeto Arte Ação Ambiental, do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), uma iniciativa de educação museal expandida em arte ambiental que teve início em 1999 pela colaboração com jovens do Morro do Palácio, comunidade vizinha onde foi inaugurado o centro de arte comunitária, Macquinho ou “pequeno MAC”, em 2008, para abrigar no topo da favela o módulo do projeto. O projeto Arte Ação Ambiental (1999-2014) englobou diversas iniciativas a partir dos debates sobre arte e as práticas artísticas de colaboração comunitária, incluindo museologia social e a preocupação com a sustentabilidade, tais como as oficinas de produção de papéis artísticos artesanais, objetos de design inspirados no movimento neoconcreto brasileiro a partir das obras da coleção MAC-João Sattamini; assim como laboratório de iniciação musical com produção de instrumentos feitos a partir de materiais reciclados, oficinas de texto que se desdobraram na edição de um jornal comunitário, o Palaciano; oficina de teatro com foco nas questões sociais e ambientais, grafite na comunidade, e muitas outras propostas a partir de diferentes colaborações e artistas convidados… Assim o MAC Niterói abraçou esse proposta de engajamento social – ambiental, sendo uma iniciativa que além de ganhar vários prémios e recursos tais como o investimento do Fundo Social do BNDES para a construção do primeiro “módulo de ação comunitário” (m.a.c.) que pudesse servir como “sede” do projeto na favela. Esta oportunidade imediatamente foi levada a Oscar Niemeyer (também arquiteto do MAC) que se inspirou em doar o projeto arquitetônico. O Macquinho nascia como um “módulo” de ação comunitária, espelhando para a “arte ação ambiental” sua expansão tal como a rede clínica distribuída de “módulos” da iniciativa residencial de saúde preventiva conhecida como o Programa Médico Família. Infelizmente, seus primeiros anos ativos (pós 2008) como centro comunitário foram desafiados pelas mudanças na administração municipal, falta de recursos e problemas de construção causados por fortes chuvas e ameaças de deslizamentos de terra. Em 2014, o Macquinho tornou-se a primeira plataforma urbana digital de Niterói, agora sob a jurisdição da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia. Muitos indivíduos, organizações, instituições e colaborações comunitárias foram e continuam a ser envolvidos nesta “estrela” da arte em ação ambiental, como o artista Almir Mavignier descreveu Macquinho. Essas reflexões oferecem uma lente multifocal sobre algumas das histórias que semearam esta conquista. Sem dúvida, ainda muitas outros poderiam ser incluídas e esperamos que esta coleção inicial de múltiplas vozes estimule novas contribuições adicionais.
Oficinas de criação artística e jogos neoconcretos
Bia Jabor
A partir das experiências comunicativas com as obras da geração dos anos 50 e 60, dos movimentos Concreto e Neoconcreto, considerados a vanguarda brasileira da linguagem geométrica, surge uma das primeiras linhas de pesquisa educativa do MAC – os Jogos Neoconcretos. Obras de artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Hermelindo Fiamingui e Ivan Serpa transformaram-se em jogos de fluência criativa, onde formas geométricas soltas da tela ganham autonomia na mão do espectador/ participador, compondo infinitas possibilidades de construção de uma “mesma” obra, assim como fizeram os artistas desta geração.
O que moveu os artistas dos anos 60 foi tomado como base inspiradora para a filosofia que embalou os Jogos Neoconcretos, constituídos, acima de tudo, como estratégias de resgate da ação, afeto e comunicação com a arte. Essa estratégia educativa/interpretativa, utilizada desde as primeiras exposições do MAC pela equipe de arte educação do museu, desdobrou-se em uma das oficinas do projeto Arte Ação Ambiental, em 1999, coordenada por Luiz Guilherme Vergara, então diretor da Divisão de Arte Educação. Como integrante da equipe, acompanhei o desenvolvimento deste projeto desde 1999, e vi a transformação do grupo de jovens participantes, que foi aos poucos redescobrindo o mundo pela cor, pela forma, pela composição e pela criação – através do jogo. A partir de 2002 até setembro de 2004, assumi uma colaboração mais ativa junto aos jovens participantes da oficina de Jogos Neoconcretos, dando continuidade ao trabalho já iniciado. Foi um processo de muita troca e construção coletiva, mais do que ensinar, aprendi, e acredito que meu papel como artista e educadora era muito mais de propositora de experiências e provocadora de situações, de colocar a arte em ação. Queríamos aproximar estes jovens da arte contemporânea e de seus procedimentos artísticos, possibilitando um contato direto com as obras do acervo do museu. Nosso objetivo era trabalhar a formação do olhar e desenvolver a capacidade crítica dos jovens através de estratégias de acesso qualitativo, que buscavam explorar também o cotidiano, a cidade, o museu e suas relações com a arte contemporânea.
Foi um longo processo de experimentação com diferentes materiais, estudos de cor, trabalhos com desenho e muita conversa diante das obras. O que tornava o trabalho deles fascinante era justamente a fusão entre a linguagem de arte considerada “erudita”, com as referências ético-estéticas que eles traziam das suas vidas, criando, sem os (pré-)conceitos da história da arte, soluções visuais completamente novas.
Lembranças do início de uma santa loucura: Arte Ação Ambiental
Carlos Arthur Felippe
Carlos Arthur Felippe. Oficina do Projeto Arte Ação Ambiental no MAC de Niterói
E já tenho até o nome: Arte Ação Ambiental! Disse com entusiasmo, olhos brilhando, meu amigo Guilherme Vergara, então diretor de arte educação do MAC. Ele tinha me chamado até lá para me envolver nessa santa loucura: convidar uns 40 jovens do Morro do Palácio, em frente, para um projeto educacional permanente, a acontecer dentro do museu, juntando arte, sustentabilidade e ação social. Loucura porque o MAC era, e ainda é, um dos espaços mas sofisticados da cidade, com exposições de arte moderna a rivalizar com as melhores do país e do mundo. Desenhado por Oscar Niemeyer, recebia celebridades nacionais e internacionais, e servia de cenário para campanhas publicitárias de alcance global. Como esses jovens, moradores da favela em frente, se comportariam nesse ambiente? Nós não os conhecíamos, e quase todos não conheciam o museu. Só digo que não foi fácil…
Não tínhamos referências, porque não havia notícia de nenhum projeto fundindo arte, sustentabilidade e ação social em museus, ou mesmo em qualquer canto. Apesar de termos escrito infinitas versões do projeto para captação de recursos, que também não tínhamos, não tínhamos um projeto pedagógico estruturado, com seus objetivos e metodologias definidos. Ninguém ali estava muito preocupado com isso…
Tínhamos o apoio da diretora, Dora Silveira, que confiava muito no Guilherme, tínhamos um esboço de equipe ainda se conhecendo, Eliane desde o início, alguns esparsos contatos com a presidente da Associação de Moradores e, com “isso tudo”, atravessamos a rua, subimos o morro e saímos pregando nas biroscas uns cartazinhos bem precários, convidando os jovens para um processo seletivo daí a poucos dias.
No dia marcado, vieram quase 50, e os dividimos em subgrupos para experimentarem na prática a proposta do projeto, e avaliarem se tinham real interesse em iniciar esse processo. Alguns poucos logo se desinteressaram, e não foi muito difícil definir o grupo dos 40 iniciais. Curioso é que, no dia seguinte, me avisaram que tinha um jovem do morro lá na entrada, pedindo pra falar comigo. Quando cheguei, eu, que tenho 1,86 cm de altura, tive que mover minha cabeça pra cima, em um ângulo bem aberto. Sabe um armário desses com maleiro, que vai até o teto? O rapaz era largo, alto, um bração forte, a pele preta, quase azul. Paradão, fala mansa, ele pedia uma vaga no grupo. Reagi, disse do processo seletivo, porque ele não veio no dia certo, esperasse uma próxima oportunidade etc. Ao mesmo tempo eu pensava: se ele quiser, vira o imperador do grupo no braço, vai dar problema, você vai se arrepender… Ele ali paradão, com os olhos brancos, pacíficos, só me disse uma frase, como se estivesse lendo meus pensamentos: “por favor, me dê uma chance, você não vai se arrepender…” Ameacei ele com expulsão sumária no primeiro problema, que eu ia ficar de olho especialmente nele etc etc. Mas o aceitei, certo de ter feito uma imensa besteira. Não fiz. Já se vão quase 20 anos dessas histórias, o projeto durou muito tempo, virou Macquinho (essa é outra história) e os 40 jovens se dispersaram, cumprindo seus destinos. Mas é capaz dele ainda estar lá, pois foi um dos poucos (se não foi o único) a se tornar funcionário do MAC, por suas qualidades, empenho e índole extremamente generosa. Lembra disso, Marcão?
Oficina de papéis artísticos artesanais
Eliane Carrapateira
Vejo o projeto Arte Ação Ambiental como um filho querido. Projeto do qual participo desde sua gestação, em 1998, apoiado pela Associação de Moradores da Comunidade do Palácio e, inicialmente, pelo Programa Comunidade Solidária. Um filho que, com certeza, tem potencial para crescer muito mais do que pôde crescer até agora, porque nasceu do sonho de proporcionar ações transformadoras da realidade de desigualdades sociais, através da arte, da cultura e da educação, conciliados ao meio ambiente, tendo como público-alvo os jovens da comunidade do Palácio. Alegria de contar com uma equipe que tem, dentre seus objetivos, estimular o desenvolvimento dos talentos potenciais dos alunos, criando um ambiente de convivência e aprendizado que propicie novos conhecimentos e ampliação da autoestima. Alegria de termos conseguido funcionar ininterruptamente em nosso trabalho como Oficina de Papéis Artísticos Artesanais (OPAA, 1999-2009).
Alegria de termos cumprido, durante dez anos e meio de OPAA, a maioria de nossos objetivos, capacitando os jovens envolvidos, criando produtos exclusivos para comercialização e, principalmente, multiplicando nossas ações na própria comunidade do Palácio e em muitas outras comunidades, colégios, museus, empresas governamentais e particulares, ONGs e outros. Esta equipe, formada por ex-alunos remanescentes de 1999, tornou-se de especial importância por ter resolvido por bem sonharem o mesmo sonho que nós; adotando este “filho”, como sendo deles também; participando ativamente das ações de NOSSA Oficina e de tantas outras das quais fazem parte; buscando transformar, JUNTOS, o sonho em realidade, acreditando no trabalho como meio de inclusão social. Estes jovens têm o mérito da resistência, da persistência.
Vejo, portanto, o Módulo de Ação Comunitária (Macquinho) como aquilo que ele é: a CASA almejada, idealizada, sonhada há tanto tempo por toda a equipe do Projeto Arte Ação Ambiental. A casa está de “portas abertas” para a comunidade, disponibilizando suas atividades e ações para a integração e para o crescimento de todos os que estiverem dispostos a se envolver. Um espaço onde as propostas educativas e artísticas podem se expandir no maior número possível de linguagens e expressões; uma forma dinâmica e lúdica de combater os preconceitos e as desigualdades, que busca proporcionar a chance para novos conhecimentos onde novos talentos podem desabrochar impulsionando-os para um caminhar melhor, mais confiante, competente e de cidadania responsável e participativa. Produtos exclusivos para o olhar especial dos que apreciam a arte feita por mãos e corações. Como educadora, penso que este caminho é percorrido no desenvolvimento dos talentos potenciais de cada um, e como artista plástica penso que a arte é um veículo ideal para o desenvolvimento desses potenciais.
Cidadania cultural, educação e arte…
Leandro Almeida
Quando cheguei ao MAC em busca de estágio, em 2002, não imaginava que eu teria a possibilidade de vivenciar produção cultural de uma forma tão especial, associada a educação e humanidade. Lá eu conheci o projeto Arte Ação Ambiental, e inspirado nele, materializo este relato sobre crescimento profissional e humano do qual fui protagonista por oito anos.
O MAC através do seu programa de ações extra-muros, foi pioneiro em desenvolver práticas comunitárias abrangentes em ações educativas de museus. Ele inaugurou uma via de mediações entre museu e comunidade, tão próximos geograficamente, porém tão distantes social e simbolicamente.
Uma metáfora de Oscar Niemeyer, acerca da arquitetura do museu, apresenta a rampa de acesso como um tapete vermelho de honra para todos, e através do projeto Arte Ação Ambiental este caminho adquiriu um alcance ainda maior proporcionando a diluição de uma barreira simbólica entre as percepções do “Eles” e do “Nós”. A Divisão de Arte Educação do museu e a comunidade do Morro do Palácio, juntos, passaram a vivenciar a arte por meio de becos, rampa e vielas, estabelecendo construções de vínculos.
Como coordenador executivo deste projeto, compreendi e trabalhei a produção cultural através das manifestações culturais locais e o acervo do museu como território de proposições e ações educativas. Estas “produções culturais” são ferramentas de atuação para descoberta e potencialização de saberes, estabelecendo a metodologia de pensar arte e cultura como campo relacional de aprendizados.
Em meio às trocas, se impõe conhecer outros mundos, que apresentam a diversidade, a exclusão, a solidariedade, e a superação, dentre tantos outros estados de percepção social. Meu papel neste processo, antes de planejar, avaliar viabilidades para as atividades ou mesmo pensar as linguagens artísticas para o desenvolvimento das ações do projeto, foi mediar intenções.
O trabalho educativo do museu para a comunidade, com o tempo, tornou-se troca de aprendizados e desenvolvimento conjunto, formando uma espécie de prática-processo. Costurar entendimentos sem impor as intenções ou desrespeitar a realidade local foi o meu maior desafio.
Os conceitos de memória, cidadania cultural, educação, arte e sociedade se materializaram através de uma série de práticas desenvolvidas com a comunidade, dentre elas, elenco a realização de oficinas artísticas, de educação ambiental, experiências audiovisuais, jornalismo comunitário e intervenções artísticas. Os participantes do projeto, direta ou indiretamente, se afinavam via construções de narrativas que abarcavam conscientização, conhecimento, crescimento, sonhos, direitos, protagonismos, pertencimento, geração de renda, cidadania e reflexões sobre o mundo, isso era gratificante.
Os tão desejados indicadores, exigidos por patrocinadores e órgãos de responsabilidade social, não eram tangíveis ou apenas quantitativos, tinham importância subjetiva e, sobretudo qualitativa. Como medir mudanças de posturas diante da vida? Como medir desejos, sonhos e planos de realização? Estes foram alguns propósitos que vivenciei neste projeto onde fiz amigos e relações de respeito.
Um participante do projeto o definiu como “ALEGRIA EM FORMA DE ARTE”; e é esta a definição que carrego comigo. Hoje, quando recordo as experiências proporcionadas por este trabalho, eu sinto “alegria em forma de arte”.
Programa Médico de Família: Aposta na construção de novas subjetividades
Luiz Hubner
Parede de graffiti na comunidade Morro do Palácio. Projeto Arte Ação Ambiental, c 2005.
A partir da Constituição Federal de 1988, surge um novo paradigma, que compreende saúde como qualidade de vida. Constrói-se, então, uma nova abordagem de problemas de saúde, cujo conceito básico é a determinação histórico-social destes problemas. Como conceitos estratégicos, adotaria a prática política e a consciência sanitária como parte de uma consciência social, buscando, a partir dessa prática, uma transformação social. Pressupõe uma profunda revisão na organização do processo de trabalho em saúde, que deve deixar de ser um mero estabelecimento receptor de demanda de pessoas “doentes” para ir ao encontro do território onde as pessoas vivem, onde a vida pulsa, na busca permanente de parcerias intersetoriais, de construção de novos saberes, novas subjetividades, novos territórios existenciais, através da coprodução de saúde com qualidade de vida. Compreende-se como território o espaço onde vivem grupos sociais, suas relações e condições de subsistência,de trabalho, de renda, de habitação, de acesso à educação e o seu saber preexistente, como parte integrante do meio ambiente, possuidor de uma cultura, de concepções sobre saúde e doença, de família, de sociedade, etc.
Niterói implantou, em 1992, o Programa Médico de Família (PMF). As áreas onde o PMF se insere são típicas da fragmentação e esquadrinhamento do espaço urbano, que é tradicionalmente constituído por bairros urbanizados habitados por populações de alta renda na sua orla e encostas ocupadas por população, na sua maioria, de baixo poder aquisitivo e precária infraestrutura. A violência, dessa forma, pode ser observada como um sintoma social presente na própria organização dos modos de viver e de ocupar a cidade no mundo capitalista globalizado. Tal contraste nos coloca frente a frente com a complexidade da contemporaneidade que, ao mesmo tempo em que cria discursos de combate à violência, é também capaz de reproduzi-la incessante e simultaneamente, como os constantes combates entre policiais e/ou grupos paramilitares, e o comércio de drogas ilícitas na grande maioria das “favelas” brasileiras, muitas vezes, desrespeitando a população trabalhadora lá residente, que por tantas vezes é vítima desta guerra.
O MAC foi um parceiro constante na construção destas políticas na comunidade do Morro do Palácio. Falo aqui da potência da arte como aposta de construção de novas subjetividades, novas potências de vida. Desde 1999, o MAC, o Programa Médico de Família e a Associação de Moradores do Morro do Palácio têm construído parcerias profícuas através de projetos com os jovens moradores da comunidade. A maioria dos “projetos sociais” tem como foco o desenvolvimento de habilidades necessárias para inserção desta população no mercado de trabalho, com políticas de geração de emprego e renda, o que já não é pouco. O projeto Arte Ação Ambiental ambiciona, desde sua primeira concepção em 1999, mais do que isto. Tem como foco de interesse a relação potencial entre os espaços culturais e a conquista da cidadania como prática de desalienação. Aposta na promoção de experiências que atuem no limite do sentido da expansão e contaminações recíprocas das esferas da arte, cultura, educação, saúde e cidadania, buscando detectar novos modos de subjetivação emergindo nas comunidades, focos de novos enunciados coletivos, territórios existenciais, inteligências grupais que escapam às capturas do capital e que não têm ainda visibilidade no repertório de nossas comunidades, de nossas cidades, eis a maior aposta deste projeto.
Educação expandida: Trajetória e processos
Marcia Campos
Sonorizar. Grupo musical do Projeto Arte Ação Ambiental. Performance pátio do MAC de Niterói, 2008.
O trabalho de agenciamento social do projeto Arte Ação Ambiental, junto à comunidade do Morro do Palácio, foi iniciado nos primeiros anos de funcionamento do MAC com a participação de um grupo de artistas e educadores movidos por ideais comuns, sob a coordenação de Luiz Guilherme Vergara.
Durante a primeira década, as oficinas relacionadas ao campo da arte e educação ambiental foram realizadas no interior do Museu e em diferentes espaços na comunidade do Morro do Palácio, incluindo as próprias casas dos jovens.
O projeto, guiado por relações de afeto e cuidado, foi de fundamental importância para o estabelecimento das transformações dos jovens que, na sua maioria, nunca haviam entrado num museu de arte.
A familiaridade com a arquitetura arrojada foi se consolidando à medida que os encontros ocorriam. Aos poucos, as transformações tornaram-se aparentes. O convívio do grupo foi se tornando mais próximo, mais cordial e participativo. Abriu-se um universo de caminhos e possibilidades, de transformação individual e coletiva.
O crescimento do trabalho motivou a construção de uma sede própria, o Módulo de Ação Comunitária do MAC, com projeto arquitetônico criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e construção patrocinada pelo BNDES e Prefeitura Municipal de Niterói. Com a inauguração da sede popularmente chamada de “Macquinho”, no final do ano de 2008, iniciou-se a segunda fase: o projeto transformou-se em Módulo de Ação Comunitária.
Com a gestão da Divisão de Arte Educação do MAC/Fundação de Arte de Niterói, estabeleceu-se um programa de educação não formal.Apesar dos muitos desafios e dificuldades encontrados, o entusiasmo dos jovens, o idealismo dos educadores-artistas e as novas parcerias institucionais, tornaram possível a ampliação ea estruturação de novas frentes e programas, com participação mais ampla, atraindo crianças, jovens e idosos da comunidade, que passaram a frequentar o novo espaço “Macquinho”.
As oficinas de formação continuada, tais como criação plástica com inspiração em obras da coleção João Sattamini/acervo do MAC, oficinas de Papéis Artísticos Artesanais, de Iniciação Musical “Sonorizar”, de Serigrafia configuraram o eixo básico. É relevante mencionar as parcerias e apoios com a Fundação Municipal de Educação; a Universidade Federal Fluminense, através da PROEX; o programa de residências artísticas do INOVART (Ministério de Cultura de Portugal); o Projeto “Farol Cultural”, intercâmbio entre educadores e artistas brasileiros e Noruegueses – projeto patrocinado pelo Ministério de Relações Exteriores da Noruega; o Ponto de Cultura “Me Vê na TV”; a ONG Campus Avançado e a Fundação Nacional de Artes (FUNARTE); as oficinas de serigrafia, com participação do coletivo Radical Urban Silkscreen Team (RUST) e apoio do Museu Andy Warhol.
A sede do Macquinho completa uma década de existência, este ano, em dezembro de 2018. Muitos projetos, programas, parcerias e vinculações institucionais foram concretizados. O legado está implantado e oferecido à comunidade do Morro do Palácio.
O projeto Arte Ação Ambiental não transformou a realidade de todos os jovens participantes, mas contribuiu para a formação de cidadãos participativos que valorizam e interagem com a cultura da comunidade a que pertencem, preparados para uma atuação mais responsável, criativa e crítica na sociedade.
O cuidado como inspiração metodológica
Marcos Barreto
Oficina projeto Arte Ação Ambienta com público. c 2005.
Na virada do século, o MAC promoveu um projeto, Arte Ação Ambiental procurando dialogar com os jovens da comunidade do Morro do Palácio, vizinha ao museu e vulnerável em termos sociais e ambientais. Um cuidado fundamental foi considerado na metodologia do trabalho com os jovens moradores da comunidade: não determinar à priori o que deveria merecer ações socioambientais do projeto que buscava ancoragem na comunidade. A escuta das demandas comunitárias, especialmente as dos jovens, foi um cuidado metodológico inestimável para o projeto ganhar forma e gerar ações produtivas de seus participantes.
Impossível esquecer a recusa de um dos participantes de aceitar a caracterização de “carente”, termo usado em uma reunião para definir o conjunto de privações que caracterizam as populações faveladas de nosso país. Manifestando orgulho de sua família, de seus amigos e de sua comunidade, o jovem falou de amor, de solidariedade e dos saberes locais, desconstruindo, com apoio dos demais colegas, o lugar de submissão dos “carentes” diante dos “civilizados”.
Merece registro, ainda, no contexto de um diálogo sempre promissor, mas marcado por desencontros, o visível desconforto de parte da equipe técnica do museu, não envolvida diretamente com o projeto, com a presença algo barulhenta de adolescentes e jovens, pouco habituados com o ambiente mais silencioso dos museus. O diálogo exigiu um aprendizado de parte a parte, onde todos se educam para compreender a diversidade e o outro.
O cuidado com a qualidade das relações entre os participantes do projeto, considerando os artistas e educadores coordenadores de diversas oficinas e os jovens envolvidos, traduziu-se no cuidado com a qualidade da produção gerada ao longo do tempo. As oficinas de Jogos Neoconcretos, de Papéis Artísticos Artesanais, de Iniciação Musical, de Criação Textual, de Produção Jornalística, de Desenho, Grafite e Serigrafia, de Educação Ambiental e a Oficina da Terra constituíram-se como experiências fecundas de formação em diversos campos de conhecimento, não apenas para os jovens da comunidade que participaram do projeto, mas certamente para os artistas e educadores, na medida em que tiveram uma rara oportunidade de enriquecimento profissional num ambiente de construção coletiva.
Retomando a noção de cuidado como princípio metodológico, podemos dizer que no caso do MAC, o museu transcendeu a missão tradicional de guarda e cuidado de um acervo para o usufruto de seus usuários, em geral pertencentes aos segmentos mais intelectualizados da população. Na experiência relatada, em que tive uma modesta participação, um museu dedicado à arte contemporânea, com pouco apelo para atrair a chamada população “carente”, transformou-se num espaço inusitado de articulação de interesses educacionais, estéticos, ambientais e culturais capazes de produzir ações que resultaram na construção de uma extensão do MAC no Morro do Palácio, um Módulo de Ação Comunitária, conhecido como Macquinho, para abrigar as diversas oficinas citadas.
Falamos de um museu, um equipamento cultural público, cujo cuidado socialmente interessado com o seu entorno resultou na criação de outro espaço cultural, fertilizado por uma experiência que para ser sustentável precisa continuar mobilizando o cuidado coletivo, tanto de artistas, técnicos e educadores chancelados pelo museu, como da juventude e demais moradores do Morro do Palácio.
O projeto Mesa Baldio
Nuno Sacramento
Mesa Baldio, 2016. Foto: Douglas Lopes
I.
Eu cresci numa casa sem quadros, sem arte. As paredes brancas, amareladas do fumo do tabaco, despidas de qualquer imagem, estendiam-se nuas. Mais tarde, afastei-me do catolicismo onde tinha sido criado e tornei-me protestante, Presbiteriano. Os Presbiterianos são a igreja da Escócia (Church of Scotland), para onde me mudei em 1997, com 24 anos de idade. Esta, como outras igrejas protestantes, é famosa pela sua iconoclastia. A riqueza visual da igreja católica, com imagens de santos, tetos pintados, e altares em ouro, deu lugar a paredes nuas. Para mim, nada de novo. Lá em casa já era assim.
II.
Hoje vivo na Escócia, numa casa de paredes amareladas da tinta e não do fumo. Com hesitação, pusemos alguns posters nas paredes no intuito de tornar a casa alugada um pouco nossa. Um desses posters, no hall de entrada, é um poster do MAC.
Esse poster, numa panorâmica tirada com lente wide angle, mostra as praias de Icaraí e Jurujuba, o Pão de Açúcar, Corcovado e a Ilha de Boa Viagem, e em lugar proeminente, esse óvni que é o MAC com sua passadeira vermelha, debruçado sobre a Baía de Guanabara.
III.
Desde a primeira vez que fui ao MAC, que ouço a história dessa passadeira vermelha, que se eleva num rodopio frente ao museu, um tapete vermelho que convida o visitante VIP para uma experiência arquitetônica singular, a vista de 360 graus da baía. Foi debaixo dessa mesma passadeira que tive uma das experiências mais ricas na vida. Mesas, pratos, copos, suplás e comida, feitos por jovens de vários bairros do Rio e Niterói (Maré, Palácio, Gragoatá, Gradim e Bumba) que serviram um banquete na Mesa Baldio, onde mais de 100 convidados – artistas, moradores e curadores, seguranças, funcionários de limpeza, e até visitantes do museu – partilharam um banquete.
IV.
Ao fim do dia, chegamos ao Palácio onde decorria a festa. De improviso, Telto Queiroz, talentoso músico e escritor do bairro, canta:
Rap de improviso Chego
logo e friso abri os olhos
agora de tudo que você vê
e eu VisoÉ uma que fica melhor ali tá
o Jefferson camelo
registrando tudo na go-proEsse foi o desafio do
significado da palavra
baldioNa minha mente vem
coletividade o que
infelizmente está faltando
na sociedade cuidar do que
a gente todos em alguma
iniciativa favela é planta
coleta seletiva favela planta
que planta a voz ativa
baldio é o nosso dono,
O baldio incentivaÉ necessário mudar hábitos
e costumes parar de falar
m**** e produzir adubo
com estrume e não só
pensar em mulher carro
novo e perfume eu penso
em um mundo melhor
fazendo do lixo chorume
deixa eu voar no vento no
momento Nuno Sacramento
assume se a vida é uma
montanha eu quero chegar
no mais alto Cume
V.
No Palácio fica o Macquinho, para a esquerda da imagem no poster, e fora do enquadramento. Geralmente, a favela e os seus habitantes ficam fora de qualquer imagem turística do Rio de Janeiro. Mas, na cultura, a coisa é diferente; o eixo MAC/ Macquinho, unindo os dois projetos de Niemeyer num só programa cultural, educacional e de ação ambiental, tentaram trazer a favela ao museu e o museu à favela. Foi nesse eixo que o nosso projeto Mesa Baldio se posicionou, e a coisa resultou mesmo. Não foi um projeto para inglês ver… Trocaram-se experiências, aprendeu-se muita coisa, fizeram-se amizades, misturaram-se categorias, trocaram-se as voltas. Não há semana que passe em que eu não me lembre dos grupos de jovens com quem trabalhamos… Maicon Santana, Maicon Rodrigues, Matheus da Silva, Otávio Henrique da Silva, Josemias Moreira Filho, Elielton Queiroz Rocha, Ezequiel, Patrick Sousa, Marcos Vinícius, Douglas Araújo, Lucília S. Santos, Rayssa Araujo Batista, Loran Santos, Leonardo Campos, Natanael de Oliveira da Silva, Lucas Barbosa dos Santos, Gilson S. Jorge, Priscilla Ferreira, Rogério da Silva Brunelli, Raiany Bispo Soares, Tuany Felix Freitas, Rubes Izidoro Blanc, Raphael Vasconcelos Rodrigues, Sandra Cátia de Souza, Vanderlani Cavalcante da Silva, Angela Ricardo, Hericleyde da Silva, Fernanda Dutra, e Ana Carolina da Costa Rodrigues.
VI
Hoje, esse poster do MAC está bem mais expandido. Nele cabem todos esses nomes e experiências que fazem com que o Rio e Niterói sejam um dos lugares a que chamo casa.
O Palaciano: um projeto a favor da democratização da mídia
Thatiana Diniz
O Palaciano. Jornal comunitário Morro do Palácio, 2005
As áreas conhecidas como “favelas” são comumente citadas no noticiário apenas quando se tornam palco de conflitos sociais e tragédias, como enchentes e deslizamentos de encostas, ou ainda, de modo recorrente, na seção de ocorrências policiais, ambientada como cenário de guerra entre traficantes e forças de segurança.1
Conscientes da necessidade premente de alterar esse quadro, tomam a iniciativa de lançar um jornal comunitário, em busca de criar conceitos de notícia, que como ensina o professor Jorge Kanehide Ijuim, “deve ser um instrumento para a população apresentar suas reivindicações, reclamar seus direitos, levantar suas bandeiras, e dizer: eu existo!”.
O jornal comunitário “O Palaciano” começou a ser elaborado em março de 2004 no Morro do Palácio, no bairro do Ingá, em Niterói. Sua pauta é orientada no sentido de elevar a autoestima do cidadão por meio do resgate da história desta comunidade e da divulgação de eventos e curiosidades da vida cotidiana de seus moradores, fatos marcantes de uma sociedade que jamais alcançam as páginas da grande imprensa. A inclusão da comunidade ficou marcada no processo de escolha do nome do jornal, decidido em um plebiscito popular.
“O Palaciano” é uma das ações do projeto Arte Ação Ambiental, programa educativo do MAC, que realiza oficinas educativas com adolescentes da comunidade desde 1999. Atualmente, as oficinas são ministradas no Macquinho, espaço construído no alto do morro com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. Minha participação no projeto começou em 2003, quando fui convidada pela professora Cristina Chagas para ajudá-la nas aulas da Oficina de Textos. O convite surgiu depois de uma entrevista que fiz com ela para o jornal O Fluminense, no qual trabalhava como repórter. Em razão da minha profissão, decidi trabalhar com eles a elaboração do texto jornalístico, abordando técnicas de redação, apuração, entrevista e ética jornalística.
Nesse processo, dois detalhes me surpreenderam bastante: a rapidez com que eles assimilaram os conceitos e, principalmente, o ponto de vista negativo que demonstraram ter em relação à imprensa. Entre as críticas, a forma preconceituosa e estereotipada com que a favela e seus moradores são retratados na mídia. A partir dessa constatação, tivemos a ideia de elaborar um jornal feito por eles e para eles. Nascia, em janeiro de 2005, “O Palaciano”.
O trabalho de produção e elaboração do jornal foi coordenado por mim e realizado por cinco jovens da comunidade, com idades entre 20 e 24 anos à época. Desta forma, além de veículo de disseminação de informações, “O Palaciano” tornou-se ainda instrumento de atividade extra-curricular, já que os jovens da equipe tiveram aulas de técnica de redação, reportagem e leitura crítica. Integrando o jovem, e futuro leitor, aos processos de elaboração do jornal, “O Palaciano” foi utilizado como meio de consolidar a identificação deste público com os veículos impressos de comunicação em geral.
O jornal teve três edições publicadas, mas deixou um importante legado. Mais do que transmitir informação, fez renascer ideais, revelou talentos e criou, em cada um dos jovens que participaram, uma maior consciência de cidadania.
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Bia Jabor
É artista, educadora e curadora educacional, com mais de 20 anos de experiência, com atuação em idealização, implementação e gestão de projetos na área, educação infantil, programas de formação e consultorias. Formada em Licenciatura em Educação Artística com Hab. em Artes Plásticas, pela FAAP/SP. Sócia empreendedora do novo espaço de arte, educação e movimento, Casa 38. Entre os trabalhos está a consultoria para a Escola Eleva para o currículo de artes visuais do colégio que inaugurou em 2017. De 2008 a 2015 foi Gerente de Arte e Educação da Casa Daros, responsável pelas curadorias educativas das exposições, pela programação de arte e educação e coordenação do Núcleo de Educação Infantil da instituição. De 2004 a 2008 foi diretora da Divisão de Arte Educação do MAC/ Niterói e integrante da equipe de arte educadores do museu desde 1998. Em 2007 implementou e coordenou o programa educativo do Museu das Telecomunicações, no Oi Futuro/RJ.
Carlos Artur Felipe
Educador ambiental.
Eliana Carrapateira
Artista e educadora ambiental.
Leandro Baptista Alemeida
Produtor Cultural e Coordenador Executivo do Projeto Arte Ação Ambiental (2003-2009) Produtor Cultural pela Uff (2007) com especialização em Ead pelo Lab. de Novas Tecnologias de Ensino da Uff (2016). Tem formação em Direção Cinematográfica pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro, atua como educador no campo do audiovisual e como produtor de conteúdos. Tem experiência em coordenação de projetos sócio –culturais e curadoria de mostras de filmes. Cineclubista, fotógrafo, montador cinematográfico e videomaker. É sócio diretor da Provisório Permanente Produções Culturais.
Luiz Hubner
Graduado em Odontologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1980. Especialista em Administração de Serviços de Saúde pela UFF(1986); Mestre em Odontologia Social pela UFF(1998) e doutor em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Professor da Universidade Federal Fluminense desde 1983; atua como docente no departamento de planejamento em saúde do Instituto de Saúde coletiva/UFF. Exerceu a função de Coordenação do Programa Médico de Família Niterói – Secretaria Municipal de Saúde de Niterói, até dezembro de 2012. Foi subsecretário de Atenção Básica de Nova Friburgo durante o ano de 2017. Experiência em Educação à Distância (EAD) onde atua como coordenador pedagógico e coordenador regional em cursos de Atualização e Especialização para gestores municipais do SUS, uma parceria da UFF e Ministério da Saúde. Formação e atuação na área de Saúde Coletiva (Saúde da Família, politicas públicas de saúde, micropolítica e cuidado em saúde). Atuação em projetos intersetoriais em saúde educação e arte contemporânea em comunidades periurbanas.
Márcia Campos
Formação acadêmica em Educação e Arte – EBA/UFRJ. Mestre em História da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Vinculação profissional com a Fundação Municipal de Educação de Niterói. Atua como arte educadora no MAC de Niterói desde sua a sua fundação, tendo assumido a coordenação da Divisão de Arte Educação entre 2010/2015 e a coordenação do Módulo de Ação Comunitária (MACquinho) no período 2008/2013.
Marcos Barreto
Graduado em Licenciatura de História pela Universidade Federal Fluminense (1982), mestre em Educação (1991) e doutor em Educação (2007) também pela UFF. Foi professor da Faculdade de Educação da UFF de 1999 à 2016, dedicando-se aos temas do Ensino de História e da Educação Ambiental. Atua como docente no Mestrado Profissional de Ensino de História (PROFHistória), desde 2015.
Nuno Sacramento
Nasceu em Maputo, Moçambique, e hoje mora e trabalha em Aberdeenshire, onde é diretor da Scottish Sculpture Workshop, em Lumsden. É formado pelo programa de treinamento de curadoria deAppel e tem doutorado em Artes Visuais da School of Media Arts and Imaging, Duncan of Jordanstone College of Art and Design, de Dundee. Dedica-se a questões relacionadas à viabilidade de pequenas organizações de artes, terra e assuntos rurais, compartilhamento de habilidades em ofícios e colaboração, Arts and Crafts no século XXI e os commons. É pesquisador, curador de projetos, escritor e palestrante.
Thatiana Diniz
Jornalista e Coordenadora do jornal “O Palaciano” e da oficina de jornalismo comunitário do Morro do Palacio
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1 Comentário da Thatiana Diniz abrindo o texto com Jorge Kanehide Ijuim. “Um dos princípios do jornalismo diz que ‘o leitor é princípio e fim’. No entanto, o conceito citado pelo Jorge Kanehide Ijuim, no artigo “Os desafios de um jornal na comunidade” raramente é levado em conta pelos órgãos de comunicação.”