Coletivo Mulheres de Pedra. Elekô, 2015. Frame

Abrindo uma janela: Filmes no Macquinho

JV Santos

Foi o cinema que abriu uma janela na única parede do MACquinho que fica de frente para o Morro do Palácio. Pensar o cuidado como método na linguagem cinematográfica é contribuir para o acesso a outras narrativas construídas por pessoas que historicamente sempre foram coisas, quase objetos de cena, nas mãos dos homens brancos com os mesmos sobrenomes que sempre mandaram no cinema brasileiro. A noite contou com a exibição de 7 filmes, todos eles dirigidos por mulheres, todas negras.

Filmes

Os filmes são listados na ordem em que foram exibidos:

Favela que me viu crescer (Brasil, 2014/2015, 15 minutos)

 

Documentário que retrata a vida de Tia Dorinha, Vó Chiquinha, Tião do Azul e Mais Preto. A partir dos seus relatos e cotidianos, o filme entrelaça suas narrativas e relações de afeto construídas ao longo tempo com o Jacarezinho, lugar que viram crescer e cresceram juntos.
Direção: Paula Morena / Produção: Cafuné na Laje
Trailer:

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Coletivo Mulheres de Pedra

Um grupo de mulheres negras do Rio de Janeiro que realiza projetos com o objetivo de valorizar o protagonismo da mulher negra. O coletivo é composto por atrizes, musicistas, produtoras cultural, comunicólogas, entre outras. Naquela noite três filmes sob sua direção foram exhibidos.

Quijaua (Brasil, 2016, 6 minutos 16 segundos)

 

Na nação Angola, quijaua significa banho ritual de ervas maceradas. (LOPES, Nei. Dicionário Banto do Brasil). Quijaua é um filme sobre cura e fortalecimento feminino, construído coletivamente. O banho com ervas vem para renovar as energias da nossa existência. A renovação faz parte de um processo cíclico que nos acompanha desde o ventre de nossas mães e a água segue sempre percorrendo tudo, levando pureza para alma.
Direção: Coletivo Mulheres de Pedra e Coletiva Escrita na Feminina
Trailer: www.facebook.com/quijauaofilme/videos/1209984932367378/

Elekô (Brasil, 2015, 6 minutos 28 segundas)

 

Um fio de poesia vermelha conduzindo a experiência audiovisual de fazer-se e afirmar-se na loucura das condições de ser negra e mulher. Olhando a história a partir do porto, reconhecer e afirmar as potências e a beleza. Parir do próprio sofrimento um horizonte de liberdade, apoio e colaboração. Encontrar na presença de outras mulheres a força do feminino e o sagrado sentido de ser, até poder celebrar a vida, em fêmea comunhão e sociedade.
Direção: Coletivo Mulheres de Pedra

Fé Menina (Série) (Brasil, 2016)

 

Mangue, terra, água, barro, vida, criação. Nossa ancestralidade vibra na face da baía, a luz da lua e do sol acorda a potência feminina, saudando o ventre da vida. Conectadas com o sagrado dos elementos, o fogo, a terra, o ar, a origem que da água desponta, ecoa o encontro há tempos marcado e vivenciado por mulheres. A Série Fé…menina é experiência-vivência que conecta periferias, coletivas, úteros, estéticas, memórias, inspirações. Ritual audiovisual feminino que celebra a ancestralidade e desperta potências pretas.
Direção: Coletivo Mulheres de Pedra e Periferia Segue Sangrando – SP

Episódio 1 (Brasil, 2016, 5 minutos 40 segundos)

Iluminadas pela lua, as deusas adentram o ventre poético do manguezal. Sob a luz da minguante, o endeusamento se revela em gestos, movimentos, oferendas que movem a travessia marcada por fé, feitiço e sabedoria.
Direção: Coletivo Mulheres de Pedra e Periferia Segue Sangrando – SP

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Da minha pele (Brasil, 2016, 2 minutos 25 segundas)

 

Vídeo poesia em homenagem ao Diego Vieira Machado, estudante de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, assassinado no Campus do Fundão em Junho de 2016.
Direção: Rosa Miranda, Carol Rocha, Mi La e Allan de Souza
Trailer:

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Travessia (Brasil, 2017, 5 minutos)

 

Utilizando uma linguagem poética, Travessia parte da busca pela memória fotográfica das famílias negras e assume uma postura crítica e afirmativa diante da quase ausência e da estigmatização da representação do negro.
Direção: Safira Moreira

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Tia Ciata (Brasil, 2017, 26 minutos)

 

Tia Ciata é um curta-metragem documental que aborda o protagonismo feminino negro sob a ótica de Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, uma mulher de suma importância para a história e cultura brasileira. Dirigido pelas cineastas Mariana Campos e Raquel Beatriz, o filme traz depoimentos de mulheres negras que são referências na luta contra o racismo e pela visibilidade do protagonismo feminino negro em diferentes áreas de atuação. São elas: a escritora Conceição Evaristo, a filósofa e escritora Helena Theodoro, a historiadora Giovana Xavier, a pesquisadora de cinema negro brasileiro Janaina Oliveira, a atriz e antropóloga Angela Peres, as cantoras Marina Íris e Nina Rosa, a bisneta de Tia Ciata, Gracy Mary Moreira e Iyalorixá Mãe Beata de Iyemonjá, que faleceu em 2017, deixando um legado de luta pela igualdade de direitos para o povo negro e sempre será referência de força ancestral e resistência, inspirando gerações. As performances artísticas do filme são protagonizadas pelo Coletivo Mulheres de Pedra.
Direção: Mariana Campos e Raquel Beatriz.
Trailer:

 

 

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FICHAS TÉCNICAS

Favela que me viu crescer
Argumento: Leo Lima
Pesquisa: JV Santos e Leo Lima
Direção: Paula Morena
Assistente de Direção: Wagner Novais e Mariluci Nascimento
Produção: Aline Santos
Produção Executiva: Ana Paula Santos
Assistente de Produção: Mariluci Nascimento
Produtor Local: Vitor Luiz e Tia Beta
Entrevistador: Leo Lima
Fotografia: Gê Vasconcelos e Ciro Mello
Câmeras: Renan Silva e Micael Hocherman
Assistente de Fotografia: Eduardo Santos e JV Santos
Som direto: Caíque Mello
Logger: JV Santos
Montagem: Lu Dayrell
Motorista: Marquinhos
Alimentação: Tia Beta e Pensão Morena Flor
Personagens
Vó Chiquinha – Francisca Mandú da Silva
Tia Dorinha – Maria das Dores de Lima
Mais preto – José Inácio Teixeira
Tião – Sebastião Gonçalves dos Santos
Música:
“Homenagem à Velha-Guarda do Jacarezinho”
Gilson Bernini
“O Fabuloso Mundo do Circo”
“Homenagem à Velha Guarda do Jacarezinho”
“Pirilampos, uma Lenda Curumin”
Unidos do Jacarezinho
Camisetas de Produção: Leon Diniz
Agradecimentos:
Moto Taxi do Stuba
Bar do João
Bar do João Guarani
Feirantes da linha do trem
GRES Unidos do Jacarezinho
Marcelo Patrocinio
Azul F.C
Edinho
Dora
José Henrique Ex Presidente da Unidos
Jonas Rosa
Sacolão da Prainha
Associação dos Moradores do Jacarezinho
Dorinha e família
Tião e família
Chiquinha e família
Mais Preto e família
Coletivo Naviu
Norte Comum
Três filmes
Professor Gustavo Moraes
Adriana Barradas
Letícia Santanna
Leon Diniz
Bar do Oliveira
Campo da GE
Julia Rossi
Max Garcia
Julio Moda

Quijaua, Elekô, Fé Menina (Série) Episódio 1
Direção/produção: Coletivo Mulheres de Pedra

Da minha pele
Direção: Rosa Miranda, Carol Rocha, Mi La e Allan de Souza
Edição e montagem: Rosa Miranda
Músicas ‘’Saudade’’ Naná Vasconcelos e ‘’A carne’’ Elza Soares
Poema: Rosa Miranda
Voz: Rosa Miranda
Elenco: Ézio Rosa, Jo Gada, Natã Zimba, Niázia Nascimento, Rosa Miranda
Fotografia: Juliana Alves e JV Santos
Roteiro: Rosa Miranda
Direção de arte: Carol Rocha e Lorena Gomes
Edição de som: Allan Souza e Rosa Miranda
Produção: Kbça D’ Nega e Camila Neves

Travessia
Direção / Roteiro / Montagem / Produção e Som: Safira Moreira
Assistentes de produção: Caíque Mello e Tuanny Medeiros
Fotografia e Câmera: Caíque Mello

Tia Ciata
Entrevistadas: Angela Peres, Conceição Evaristo, Giovana Xavier, Gracy Mary Moreira, Helena Theodoro, Janaina Oliveira, Mãe Beata de Iyemonjá, Marina Iris e Nina Rosa.
Direção e Roteiro: Mariana Campos e Raquel Beatriz
Pesquisa: Mariana Campos, Raquel Beatriz, Ana Beatriz Silva e Carolina Merat
Produção Executiva: Mariana Campos
Direção de Produção: Ana Beatriz Silva
Assistente de Direção: Carolina Merat
Direção de Fotografia: Karen Ferreira e Eric Paiva
Operação de Câmera: Karen Ferreira, Marina S.Alves e Eric Paiva
Som Direto: Amanda Moraes, Raquel Lázaro e Vilson Almeida
Montagem: Raquel Beatriz
Edição de Som e Mixagem: Raquel Lázaro
Fotografia Still: Carolina Merat e Aline Venâncio
Elenco: Aissa Seidi, Ana Beatriz Silva, Ana Magalhães, Andréa Motta, Beà, Claudia Coutinho, Daiane Ramos, Dandara Raimundo, Jorgete Barbosa Xavier, Livia de Souza Vidal, Luciana Lacaster, Lumena Aleluia, Maria Menezes, Marina Íris, Mohara Valle, Nubia Jimenez, Sabrina Chaves e Verônica Costa.
Trilha Sonora Original: Ana Beatriz Silva, Ana Magalhães, Beà, Daiane Ramos, Dandara Raimundo, María Paz e Tina
Comunicação: Silvana Bahia
Comunicação Digital: CANZAR
Designer Gráfica: Dávila Pontes e Roberta Nunes – Reconto
Videografismo: Estúdio Roncó
Tradução Inglês: Aissa Seidi e Diogo Ribeiro Alves

 

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João Vitor Santos
É realizador e pesquisador em audiovisual. Graduando em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense. Atua através das iniciativas autônomas Cafuné na Laje e Norte Comum.