Steve Hollingsworth. Sensorium. 2018. Foto: Steve Hollingsworth.

Artlink: Planos 2020

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Em 2020, reuniremos um grupo de artistas internacionais para realizar e exibir obras inspiradas em pessoas com dificuldades de aprendizagem profundas.

Essas percepções – raramente levadas em consideração – serão disponibilizadas ao público em geral por meio de uma série de novos comissionamentos, instalações e performances.

A exposição tem suas raízes em projetos de pesquisa desenvolvidos no âmbito do Ideas Team. Na realização dos projetos, os artistas trabalham em colaboração com pessoas com dificuldades de aprendizagem complexas ou em resposta às experiências dos profissionais de cuidado que têm profundo conhecimento a respeito dos interesses e sensibilidades das pessoas com necessidades complexas. A seguir, algumas das ideias que serão apresentadas como parte da exposição:


Fig 1. Esboço para obra artística final, 2018. Foto: Laura Aldridge

Laura Aldridge trabalha com uma variedade de mídias e materiais, incluindo tanto atividades manuais como esculturas. Para a exposição de 2020, Laura fará uma simples ação que ela já utilizou em seus workshops – uma escultura longa com cordas que ficará livre e será leve a ponto de os visitantes poderem segurá-la, manipulá-la, puxá-la e deslocá-la. Entremeadas na corda, quase como boias de diversos tamanhos, estarão várias esculturas duráveis. Cada escultura trará uma simples proposição sensorial. Entre os possíveis materiais utilizados estão metal, tecido, plástico e borracha. Alguns deles são frios e pesados; já outros, leves e macios. Outros podem fazer barulho ao serem arrastados pelo chão ou movimentados. Cada elemento será uma surpresa física e visual.


Fig 2. Workshop Lygia Clark para Profissionais do Cuidado, 2018. Imagem: Laura Spring e Claire Barclay

A colaboração da artista Claire Barclay e da designer Laura Spring será um grande “ambiente” de tecido plissado semitransparente que terá vários espaços silenciosos e ativos em seu interior. Influenciadas pelo trabalho terapêutico da artista brasileira Lygia Clark e por suas próprias experiências ao trabalhar com as pessoas do Cherry Road Day Centre, o ambiente oferecerá uma série de atividades e experiências que combinarão textura, luz, cor e estampas. Será também um local para workshops baseados em experiências sensoriais e improvisação.


Fig 3. Donna interagindo com um protótipo de PVC e tecido luminoso, Workshop Sensorial de Quarta-feira, Cherry Road, 2017. Foto: Lauren Gault

O trabalho artístico de Lauren Gault se desenvolve em função dos detalhes que fascinam, do movimento lento e da intimidade que surge das minúcias. Laura criará uma instalação “sem muros” que poderá ser vista do nível do chão através de elementos suspensos que flutuarão sobre o espectador. Subvertendo, literalmente, a orientação comum da galeria, os espectadores vão deitar em um envelope maleável feito de líquido para ver os objetos misteriosos pairando entre o teto e o chão. O trabalho incentiva a desaceleração do olhar e uma experiência compartilhada por meio da “linguagem material universal”.


Fig 4. Luzes, 2018. Imagem: Steve Hollingsworth e Jim Colquhoun

Há alguns anos, Steve Hollingsworth e Jim Colquhoun criam e improvisam performances dentro do contexto de workshop, incorporando fantasias surreais, sons espontâneos e efeitos luminosos hipnotizantes. Evocando uma interseção entre um cabaré dadaísta e os “happenings” dos anos 1960, esses eventos se desenvolveram em função dos interesses de pessoas com necessidades complexas. Para a exposição, eles farão uma sala que será tanto uma instalação como um local para a realização de diversas performances multimídia de acordo com os movimentos do público.


Fig 5. Esboço para chão, 2018. Imagem: Wendy Jacob

O trabalho de Wendy Jacob conecta as tradições de escultura, invenção e design e explora as relações entre arquitetura e experiências perceptivas. Projetos recentes foram feitos em colaboração com arquitetos, engenheiros e pessoas com autismo. Para a exposição de 2020, ela construirá uma rampa/plataforma ondulante acessível a todos os corpos, onde os visitantes poderão ouvir autofalantes embutidos tocando um mosaico de sons. Os sons, de curadoria de pessoas com necessidades complexas, se valem dos ruídos e vibrações do ambiente do centro como matéria-prima.