Apresentação do projeto Coro de Queixas
Performance, Coro de Queixas na abertura da 8ª Bienal do Mercosul, Porte Alegre, Brasil, 2011

Uma coleta de múltiplas vozes: a pedagogia no campo ampliado na 8ª Bienal do Mercosul
Jessica Gogan e Luiz Guilherme Vergara

Bernard Tschumi dizia em The Pleasure of Architecture: se você quiser seguir a primeira regra da arquitetura, quebre-a. Algo parecido poderia ser dito da curadoria. Não há parâmetros aplicáveis a todos os casos, apenas intenções e anseios. É melhor ser consequente com o desenvolvimento do projeto do que consistente com um hipotético dever ser.

José Roca, curador geral da 8ª Bienal do Mercosul1

[…] a Bienal propõe a tentativa metafórica de “reterritorializar” – termo utilizado por Deleuze e Guattari para indicar os processos pelo quais se desconstrói uma velha ordem e se estabelece uma nova – o campo da pedagogia no âmbito das artes visuais. Da mesma forma, faz referência ao influente ensaio de Rosalind Krauss, Sculpture in the Expanded Field [A escultura no campo expandido], no qual é articulada a necessidade da prática artística de quebrar os parâmetros expositivos convencionais. Vários anos depois, foi sugerido que esse campo expandido, “reterritorializado”, da arte tivesse um caráter social, no qual a pedagogia ocupasse um lugar central como instrumento de comunicação, reflexão e, nos termos de Paulo Freire, conscientização.

Pablo Helguera, curador pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul2

O registro da prática é o fio que vai tecendo a história do nosso processo. É através dele que ficamos para os outros […] mas não basta registrar e guardar para si o que foi pensado, é fundamental socializar os conteúdos da reflexão de cada um para todos. É fundamental a oferta do entendimento individual para a construção do acervo coletivo. Como bem pontuava Paulo Freire, o registro da reflexão e sua socialização num grupo são ‘fundadores da consciência’ […] e também instrumentos para a construção de conhecimento.

Madalena Freire3

Desde sua inauguração e particularmente nas últimas edições, a Bienal do Mercosul (em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil) provoca e questiona os formatos estabelecidos das bienais de arte contemporânea. Ciente dos críticos que estes grandes eventos e espetáculos sempre recebem, cada bienal em diversas realizações busca experimentar com o lugar construindo algo diferenciado nascido no contexto de Porto Alegre como contraponto único na história do internacionalismo da mais famosa Bienal de São Paulo. A curadoria da 8ª Bienal em particular partiu da premissa conceitual de quebrar regras, explorar novos formatos e expandir no tempo e espaço as diversas práticas artísticas, curatoriais e pedagógicas. Em várias destas experimentações uma pergunta da curadoria reverberou: como ser consequente? Então, como acompanhar uma curadoria que busca quebrar regras e expandir no tempo e espaço as práticas artísticas, curatoriais e pedagógicas de uma forma orgânica e desenvolvida com o contexto? Como reconhecer processos de reterritorialização da pedagogia no campo das artes visuais e de um imaginário artístico no campo da pedagogia?

Como avaliar e documentar estes processos de hibridação curatorial-pedagógica, que tomam como base uma prática “imaginativa, criativa e flexível de acordo com o mesmo dinamismo que oferece a arte de hoje”4? Refletimos sobre estas perguntas respondendo ao convite do curador pedagógico da 8ª Bienal – o artista, educador e curador mexicano radicado em Nova York Pablo Helguera – e a coordenadora geral do projeto pedagógico, Mônica Hoff, a desenvolver uma iniciativa de avaliação que poderia acompanhar este campo artístico-curatorial-pedagógico.

Acompanhar este campo “emergente” significou então reconhecer processos híbridos que partem da vontade de ampliação da pedagogia no campo das artes visuais e, então, retornam para a própria Bienal como formas de reverberações e ressonâncias da territorialização de possibilidades expandidas para arte sob uma visão ética e geopolítica da pedagogia. Ressalta-se na cumplicidade entre o projeto curatorial e pedagógico uma natureza mutante de contaminações em processo – quando não apenas o acontecimento artístico transborda para uma dimensão fenomênica pedagógica, mas, na mesma medida, é o fenômeno pedagógico que se desdobra em acontecimento artístico, ético e elíptico (de transformações mútuas entre sujeitos). Esta é uma zona-limite crítica que se observou na realização curatorial, artística e pedagógica do conceito de geopoética. Estas não seriam também as contribuições éticas e estéticas que emergem desta complexa conceituação de uma pedagogia ampliada que se dá como experiência artística geopoética (ou vice-versa) a serem projetadas como o legado geopolítico deixado pela 8ª Bienal do Mercosul? Tais indagações motivaram e mobilizaram a ideia de uma coleta de múltiplas vozes das pessoas envolvidas no campo expandido da pedagogia da 8ª Bienal.

Percebendo o potencial escopo de um projeto de coleta “expandida”, junto com a equipe pedagógica, selecionamos aproximadamente 40 pessoas a serem entrevistadas, entre elas curadores, educadores, produtores culturais, artistas, pessoas da comunidade e professores das redes de educação pública, parceiras contínuas de várias edições da Bienal. É importante observar que, como precisávamos estabelecer parâmetros para esta avaliação, pensando especialmente na realização estratégica de entrevistas, decidimos junto com a equipe pedagógica focar em quatro áreas de atuação do projeto pedagógico: o projeto pedagógico em geral; o curso de mediadores e as mediações; Casa M (centro cultural de residências, cursos e programas estabelecidos que abriu quatro meses antes da abertura oficial da 8ª Bienal); e dois projetos do Cadernos de Viagem (residências artísticas em diversas comunidades e cidades no Rio Grande do Sul).

Oliver KochtaOliver Kochta, artista, Cadernos de Viagem: Coro de Queixas


Gabriel Bartz, mediador, Casa M

Certamente, para realizar uma avaliação que poderia ter a bordo as dimensões do projeto pedagógico em todas suas intenções expandidas, precisaríamos também aumentar nosso escopo e dispositivos de registros e coletas de percepções dos participantes. No entanto optamos aprofundar em vez de horizontalizar. Cabe relembrar Espinosa: “(…) não basta se expor a novas experiências sem ampliar sua capacidade de se afetar (…)5. Em outras palavras, ao se propor experimentar o novo é preciso também estar preparado para se afetar, refletir e se transformar. Para reconhecer esta transformação e os novos paradigmas e premissas em jogo na relação crescente de cumplicidade entre curadoria e projeto pedagógico, é preciso abrir espaços para a escuta, para se afetar e para explorar os vínculos e trocas entre Bienal e sociedade realizados em Porto Alegre e a região. Neste sentido, recomendamos para o futuro uma ampliação de escutas potencializando afetos mútuos de pertencimento e proximidades entre curadoria, arte, produção e pedagogia, como também com os diversos públicos. Ainda, esta avaliação sistêmica sugerida deveria incorporar outras perspectivas e áreas mesmo não atuando pedagogicamente, mas que podem oferecer outro balanço qualitativo de abordagens.

Para 8ª Bienal nossa escolha era maximizar as possibilidades de reflexão de uma “micro” coleta de vozes, adotando entrevistar as mesmas 40 pessoas em três distintos momentos ao longo dos seis meses na evolução da Bienal. Em cada entrevista perguntamos as mesmas questões sobre as motivações e riscos percebidas por cada entrevistado em seu envolvimento com a Bienal. Assim, optou-se pela avaliação do projeto pedagógico em suas dimensões poéticas e políticas, quebrando modelos positivistas de avaliação, com base no distanciamento, parâmetros objetivos de metas e impactos quantitativos. Através do que se chamou de “um convite à reflexão e coleta de vozes”, adotou-se inversamente a proximidade como base para uma pesquisa-intervenção. Assim, reconhecemos as contaminações mútuas entre os entrevistados e suas reflexões descrevendo suas construções de subjetividades. Propomos muito mais ouvir de dentro as vozes dos agentes dos processos pedagógicos, do que olhar de fora uma exposição.

Pudemos constatar o quanto este inventário de vozes pôde reforçar o cuidado com a produção de subjetividades já colocada na própria proposta simbiótica entre arte, curadoria e pedagogia implícita na natureza expandida do projeto pedagógico. Observou-se um entendimento (e colaboração) da parte de todos os entrevistados de que o dispositivo de avaliação era também reflexivo, indissociável do conceito de pesquisa-intervenção no qual se assume a cumplicidade com sua ferramenta chave – ativando, refletindo e explorando as motivações e preocupações junto com as pessoas atuando no campo.

Daí a proposta se desdobra em uma genealogia das motivações, buscando onde e como a irradiação dessas vozes atingiu, ativou, constituiu um campo de territorializações autônomas além dos galpões da mostra, tanto nas escolas, na Casa M e nas intervenções públicas da Cidade não Vista, quanto no interior. Através dessas cartografias das enunciações, o dispositivo de avaliação se integrou aos meios e fins do projeto pedagógico ampliado, como um espaço de escuta – de ressonâncias e reverberações – registrando as vozes e processos de produção de subjetividades em toda a sua perspectiva rizomática de microgeopoética e (re)territorializações.

Mônica Hoff
Mônica Hoff, coordenadora do Projeto Pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul

Pablo Helguera
Pablo Helguera, curador pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul

Vários pesquisadores contemporâneos inspiraram nossa metodologia – um deles foi o trabalho do psicólogo húngaro Mihaly Csikzentmihalyi. Seu conceito de “flow” [fluxo] descreve a síntese da psicologia da experiência “optima”, uma palavra e um estado de ser que os entrevistados sempre usaram para expressar a sensação de estar plenamente engajados em uma imersão “optima” realizando algo – seja fazendo arte, cozinhando, jogando xadrez ou escalando montanhas6. Na pesquisa sobre o “flow”, ele aponta características importantes que precisam estar presentes para conciliar estas experiências. Dentre elas, as mais importantes são a motivação intrínseca, construções com conhecimentos prévios e autonomia, acompanhando organicamente os resultados (“feedback” imediato).

Curso de mediação
Mapa associando ideias e experiências com a palavra mediação

Em termos conceituais esta pesquisa-intervenção trouxe também como parâmetro qualitativo a proposição do pesquisador Fred Evans7 de uma ética dialogal que se faz por acontecimentos elípticos abertos (de mútuos afetos entre todas as partes de um processo), fundamental para uma era da diversidade. Este acontecimento elíptico foi construído e reconhecido como tal, através do conjunto de depoimentos, em que as trocas de afetos e perceptos foram constituindo e alimentando a consciência de uma vontade coletiva como corpo emergente de múltiplas vozes. Além disso, para refletir sobre o hibridismo entre prática artística e pedagogia ampliada, trazemos Hans-Georg Gadamer e sua abordagem sobre a arte como jogo, festa e simbólico8.

Do ponto de vista da metodologia avaliativa, uma outra pesquisa referencial é o trabalho Project Zero, núcleo de estudos sobre educação nos EUA afiliado à Universidade de Harvard, e um de seus projetos recentes que buscou identificar os indicadores chaves de qualidade nos programas de arte-educação em todo o país9. Além de fatores importantes notados por eles, como aprendizagem participativa, ambiente e a qualidade dos materiais e profissionais, eles descobriram que o melhor indicador de qualidade é a própria busca por qualidade – sugerindo a importância vital da vontade criativa, motivação, crítica construtiva e reflexão séria sobre o processo. Em outras palavras, quanto mais se vê busca por qualidade, mais se encontra qualidade.

Curso de mediação
Curso de mediação

Casa M
Curso de professores na Casa M. Foto: Lívia Stumpf/indice.com

Esta pesquisa, entre outras, influenciou nossa escolha de transformar o dispositivo avaliador em um convite à reflexão elíptica por meio de uma ouvidoria geradora de afetos mútuos, instaurada como uma câmera de ressonâncias dentro do próprio processo do projeto pedagógico ampliado da Bienal. Dessa forma, pudemos dizer que conseguimos provocar e reunir enunciações que refletem os modos pelos quais os indivíduos estariam se vendo, realimentando vontades, expectativas e preocupações dos próprios sujeitos dos depoimentos. Esta coleta de exercícios de fala e escuta revelou-se como um campo interno de construção de subjetividades, trazendo à tona uma camada subterrânea formada por adensamento de outras temporalidades anteriores à “mostra”, rica de contaminações e de motivações. Assim, o próprio dispositivo de avaliação também se contaminou. Nós mesmos éramos tanto participantes como ouvidores. A câmera era um veículo num processo construtivista e fenomenológico de individualizações, de vozes que puderam expressar os rebatimentos entre conscientização, pertencimento e agenciamento. Observou-se neste processo que uma das únicas maneiras de capturar esta vida relacional e pública da arte e suas possibilidades expandidas ou conseqüentes é através de uma tal micro coleta de vozes – um processo que pode capturar uma poética e uma política microgeográfica. De uma forma micro esta pesquisa-intervenção realizada através da coleta de vozes possibilitou uma captura desta “vida” e campo expandido através de um registro de uma riqueza polifônica que em si mesmo pode impulsionar a exteriorização e o empoderamento desta vontade coletiva emergente, que inicialmente não estava plenamente consciente, mas em sua forma “coletada” e registrada reflete as reverberações e ressonâncias na produção de subjetividades em sua dimensão orgânica, relacional e ética.

José Roca e Alexia Tala
José Roca (curador geral) e Alexia Tala (curadora adjunta) da 8ª Bienal do Mercosul

Mateo López
Mateo López, artista, Cadernos de Viagem: Notas do Campo

Verificou-se na coleta de vozes muito mais que uma avaliação. Este convite à reflexão foi assumido por todos os participantes como um “terceiro tempo e espaço” – um entrelugar de escutas das diferentes fases desta bienal. Assim, este acompanhamento-pesquisa-avaliação pode ser instituído como dispositivo de reverberação e ressonância das motivações (intrínsecas e extrínsecas, assim como das frustrações e riscos), graças também à confiança e ao afeto de todos os que se disponibilizaram a colaborar conosco neste trabalho. Como resultado desta coleta cinco vídeos/arquivos foram realizados, cada um explorando um aspecto diverso da atuação do programa pedagógico. Na ocasião da publicação da primeira edição da Revista MESA, junto com este ensaio, editaremos uma seleção destas vozes múltiplas em um vídeo de 15 minutos.


Uma coleta de múltiplas vozes: encontros com a 8ª Bienal do Mercosul.

Além ainda de um convite à reflexão e uma coleta de vozes, o projeto como pesquisa-intervenção pode mapear uma microgeografia de perspectivas e sugerir temas coletivos, relações chaves, dificuldades e práticas críticas e poéticas emergentes. Este engajamento profundo com o registro é essencial para desenvolver um entendimento mais adensado, crítico e complexo sobre a vida pública da arte e o que poderíamos chamar um trabalho “consequente”. Como apontou Paulo Freire, “o registro da reflexão e sua socialização num grupo são ‘fundadores da consciência’ […] e também instrumentos para a construção de conhecimento”.

Agradecemos a participação, abertura e afeto de todos nas entrevistas. Abaixo listamos os participantes dessas entrevistas por eixos e categorias de atuação:

1) Projeto Pedagógico – equipe de curadoria, coordenação e produção do projeto pedagógico

  • André da Rocha – formação de professores
  • Diana Kolker Carneiro da Cunha – educadora dos cursos para professores/supervisora de mediadores
  • Ethiene Nachtigall – coordenadora operacional da formação de mediadores e equipe de mediação
  • Gabriela Silva – coordenadora operacional do Projeto Pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul
  • José Roca – curador geral da 8ª Bienal do Mercosul
  • Liane Strapazzon – produtora do Projeto Pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul
  • Mônica Hoff – coordenadora geral do Projeto Pedagógico / Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
  • Pablo Helguera – curador pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul
  • Rafael Silveira – coordenador da modalidade EAD na formação de mediadores/supervisor de mediadores da Mostra Geopoéticas

2) Casa M (novo centro artístico e cultural inaugurado pela 8ª Bienal na cidade do Porto Alegre quatro meses antes da abertura da “mostra” da Bienal)

  • Fernanda Albuquerque – curadora assistente da 8ª Bienal do Mercosul
  • Fernanda Ott – coordenadora do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
  • Paula Krause – gestora da Casa M
  • Gabriel Bartz – mediador da Casa M
  • Luiza Mendonça – coreógrafa e participante do Projeto Duetos, Casa M
  • Michele Zgiet – professora de literatura e mediadora da Casa M
  • Rodrigo Nunes – filósofo, vizinho
  • Tatiana Rosa – bailarina e artista participante do Projeto Duetos, Casa M
  • Tiago Giora – artista da primeira mostra da vitrine, Casa M

3) Cadernos de Viagem (projeto de residências e iniciativas pedagógicas no Rio Grande do Sul igualmente inaugurados nesse período antes da mostra)

  • Alexia Tala – curadora adjunta da 8ª Bienal do Mercosul e curadora do projeto Cadernos de Viagem
  • André Vilmar Mers – participante do Coro de Queixas, morador de Lageado
  • Lucas Brolese – músico e compositor de Coro de queixas
  • Márcia Tomaseli – artista plástica e professora de artes de Ilópolis
  • Marlene Montagner – coordenadora pedagógica da SME de Ilópolis
  • Marizangela Secco – coordenadora Museu de Pão, Ilópolis
  • Mateo Lopez – artista, Projeto Notas do Campo, Ilópolis
  • Oliver Kochta – artista, Projeto Coro de Queixas

4) Mediadores (incluindo o curso da formação) e professores

  • Alissa Gottfried – oficineira do Espaço Educativo Ykon Game – Geodésica
  • Andréa Paiva Nunes – mediadora da 1ª e da 8ª Bienal do Mercosul
  • Andressa Argenta – mediadora da Mostra Cidade não Vista
  • Denis Fromer Nicola – mediador na 5ª e na 7ª Bienal
  • Emanuel Silveira Alves – mediador da Mostra Cadernos de Viagens
  • Márcia Wander – professora de artes/educação especial, Escola Municipal Eliseu Paglioi
  • Maria Aparecida Aliano Marques – assessora de Políticas Culturais da Secretaria de Educação de Porto Alegre
  • Maria Helena Gaidzinski – coordenadora da Ação Educativa Santander Cultural e supervisora de mediadores da Mostra Eugenio Dittborn
  • Marilia Schmitt Fernandes – professora de arte da Escola EMEF Arthur Pereira e Vargas, em Canoas
  • Paula Cristina Luersen – mediadora do Projeto Vivências nas Escolas
  • Roger Kichalowsky – supervisor do Espaço Educativo Ykon Game – Geodésica

 

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Uma versão deste material foi publicada em 2011 como “Ensaios de múltiplas vozes: notas de campo: Avaliação do Projeto Pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul Biennial” in Pablo Helguera & Mônica Hoff orgs. Pedagogia no Campo Expandido. (Porto Alegre: Fundação Bienal Mercosul, 2011) pp.125-139 e desenvolvido no relatório final do Instituto MESA “Um relatório geopoético: reflexões sobre o campo expandido do projeto pedagógico da 8ª Bienal do Mercosul”, em 2012.

1BIENAL DO MERCOSUL, 8, 2011, Porto Alegre. (duo)decálogo. Ensaios de geopoética, p. 18. Catálogo de exposição.
2BIENAL DO MERCOSUL, 8, 2011, Porto Alegre. Projeto Pedagógico: o campo expandido da pedagogia. Ensaios de geopoética, p. 558. Catálogo de exposição.
3FREIRE, Madalena. Educador, Educador, Educador. São Paulo: Paz e Terra, 2008. p.55-60.
4Pablo Helguera. Release distribuído no início do curso de formação de mediadores. 8ª Bienal do Mercosul, 2011.
5Fragmento de discurso de Ricardo Teixeira baseado na Ética de Espinosa (Afectologia Espinosana) apresentado por ocasião da defesa da dissertação de doutorado de Luiz Carlos Hubner Moreira (Clínica, cuidado e subjetividade: Uma análise da prática médica no Programa Médico de Família de Niterói a partir dos encontros no território). Centro de Ciências da Saúde. Faculdade de Medicina. Pós-Graduação em Clínica Médica. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 13 de abril de 2012.
6CSIKZENTMIHALYI, Mihaly. Flow and the psychology of optimal experience. New York: Harper Perenial, 1990; CSIKZENTMIHALYI, Mihaly; HERMASON, Kim. Intrinsic motivation in museums: what makes a visitor want to learn? In: FALK, John; DIERKING, Lynn (orgs). Public Institutions for Personal Learning: establishing a research agenda. America Association of Museums: 1995; Ted Talk. Disponível em: http://www.ted.com/talks/lang/por_br/mihaly_csikszentmihalyi_on_flow.html.
7Fred Evans explora a ideia de acontecimento elíptico que se desdobra em identidades elípticas – dialogais. Esta dimensão elíptica (figura geométrica de dois centros) traduz a condição dialogal inspirada também em Bakthin, em que o sujeito de uma enunciação é também afetado pelo retorno do seu interlocutor. Evans também se refere à territorialização e reversibilidade de causalidades de Deleuze, o quanto os acontecimentos inauguram um estado de transformação mutual e devir. Todo diálogo é então uma construção relacional de mútuos afetos. Estar aberto para essa condição elíptica de identidade e acontecimento é trazer o outro para a ampliação de si mesmo. Daí Evans também desenvolve uma proposição ética elíptica do corpo de múltiplas vozes – do engajamento de solidariedade, heterogeneidade e fecundidade – utilizado neste dossiê como parâmetro qualitativo tanto do projeto pedagógico, quanto do processo de coleta de vozes. Estes pontos conceituais foram instrumentais ao se observarem as motivações e experiências do projeto pedagógico como indagação política e ética sobre a própria razão de ser da Bienal. In. EVANS, Fred. The Multivoiced Body. Society and communication in the age of diversity. New York: Columbia University Press, 2009.
8GADAMER, Hans-Georg. La actualidad de lo bello. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 1991.
9SEIDEL, Steve et. al. The Qualities of Quality: Excellence in Arts Education, Project Zero. Harvard Graduate School of Education. p. 8. Disponível em: http://www.wallacefoundation.org/knowledge-center/arts-education/arts-classroom-instruction/Documents/Understanding-Excellence-in-Arts-Education.pdf.