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Entrevista parte 3. Danilo Streck conversa sobre a reconfiguração de público.

O lugar do popular na reconfiguração de público

Entrevista: Danilo Streck

[…] a matriz de educação popular não se constrói pelo princípio da exclusão do diferente, mas pela radicalidade da afirmação do lugar de onde se fala.”

Danilo Streck1

Nesta entrevista, o professor de pós-graduação em Educação no Unisinos (Rio Grande do Sul) Danilo Streck, autor de livros sobre educação popular, Paulo Freire e outros pensadores em pedagogia na América Latina, conversa sobre sua filosofia, a importância de resgatar um pensamento pedagógico da América Latina e o papel vital do “popular” nas possíveis reconfigurações de público na sociedade contemporânea.

Lembrando a filósofa Hannah Arendt, Danilo sugere que “é pelo falar e pelo ser ouvido por outros que se constitui a esfera pública”.2 Neste sentido, reflete sobre a potência das manifestações recentes e as tentativas “populares” de participação pública, seja no orçamento participativo no Rio Grande do Sul ou nos Fóruns Sociais Mundiais (os primeiros eventos aconteceram em Porto Alegre, entre 2001 e 2003), de construir e tecer esferas públicas de solidariedade e diferença. É nesses espaços e fronteiras que emergem novas possibilidades e porosidades para reconfiguração de público.

A entrevista dura aproximadamente 20 minutos e é apresentada em três partes:

1) Arqueologia de uma filosofia pedagógica – conversa sobre seu pensamento pedagógico e importantes influências.

2) Fontes da pedagogia na América Latina – para escavar uma pedagógica emancipadora é fundamental resgatar a história de um pensamento em pedagogia na América Latina e construir uma pedagogia de si próprio em diálogo no contexto global – enraizada e cosmopolita.

3) Reconfiguração de público – explora o sentido de público na sociedade brasileira, nas manifestações recentes e nas iniciativas populares tais como Fóruns Sociais Mundiais e o sistema de orçamento participativo em Porto Alegre.

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1 STRECK, Danilo. A educação popular e a (re)construção do público: Há fogo sob as brasas? Revista Brasileira de Educação, v. 11. n. 32, p. 272 – 284, 2006.

2 Danilo refere-se ao pensamento de Arendt sobre a esfera público e do comum. In ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução Roberto Raposo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1981, pp. 59-68