
Casa Museu Rancho Verde: Um campo em construção, uma ideia força, uma utopia
Priscila Grimberg e Maria Ignês Albuquerque
Vivemos uma crise civilizatória, visivelmente expressa, dentre tantas outras, na crise sanitária (em face da Covid-19) e na crise ecológica (com a ultrapassagem de vários limites planetários1, em especial nas perdas da biodiversidade)2 refletida nas mudanças climáticas. Para o filósofo Edgar Morin, uma policrise3 que é primordialmente uma crise de valores,4 originada em rupturas de várias ordens, como entre o homem e a natureza, a economia e a ética, e o objetivo e o subjetivo.5 Tantas dicotomias, notadamente, não se compatibilizam com a complexidade e a urgência dos desafios contemporâneos, especialmente em se tratando da loteria natural em que se encontram os cidadãos do Sul Global,6 como nós aqui no Brasil.
Lidar com a complexidade da crise planetária requer uma racionalidade complexa, diz o sociólogo e um dos principais intelectuais latino-americanos no âmbito da problemática ambiental Enrique Leff.7 Neste mesmo sentido, em contraposição ao paradigma da ciência moderna,8 Edgar Morin propõe o paradigma da complexidade como nova forma de estabelecer pontes e articular diversas áreas de conhecimento.9 Compreender a complexidade do homem e do mundo nos dias de hoje, significa compreender a interligação existente entre o uno e o múltiplo,10 tal como o termo latino complexus indica: o que é tecido junto, uma realidade onde tudo se relaciona, a começar pela nossa casa comum – a Terra. Nas palavras dele, a Terra-Pátria, onde:
A tomada de consciência da comunidade de destino terrestre deve ser o acontecimento chave do novo milênio: somos solidários desse planeta, nossa vida está ligada à sua vida. Devemos arrumá-lo ou morrer. Assumir a cidadania terrestre é assumir nossa comunidade de destino.11

Assumir a cidadania terrestre, proposta por Morin,12 aumentando nossa conscientização social e planetária, é consoante com a ideia de sustentabilidade, tal como um campo em construção, uma ideia força, uma utopia necessária.13 Para ele, a transição ou a metamorfose só será possível a partir de uma mudança de consciência e de comportamento, logo, a noção de sustentabilidade também se situa necessariamente como contracultura14 e, naturalmente, como arena de disputas e conflitos.
É neste sentido que a Casa Museu Rancho Verde se torna um projeto socioambiental coletivo apontando para a dimensão de casa-museu desenvolvida processualmente a partir dos encontros e agenciamentos no/do “Rancho Verde”, desde a casa-amor de Seu Hernandes – feita de objetos e lixos reciclados, transformados e pintados por ele no Morro de Bumba em Niterói – à sua constituição como “Casa”, enquanto micro resistência à racionalidade fragmentada. Tal qual acontece na prática física e espiritual do “do-in” – palavra de origem japonesa que significa literalmente “o caminho de casa”, onde casa é corpo, morada do espírito e do ki, a energia vital – abraçamos juntas com Seu Hernandes os processos de microgeografias de “do-in”, literalmente incorporando a visão política e sociocultural de Gilberto Gil como “do-in antropológico”, pela prática “celular” sistêmica que alimenta e catalisa potencialidades existentes e “escondidas” nas localidades periféricas – fora dos grandes centros. Pode-se considerar que este “do-in” coletivo e poético conduziu a processos de transmutação no Rancho, na vida do Seu Hernandes e na nossa, ao longo dos últimos 10 anos. Nesta trajetória podemos apontar possíveis caminhos de restauração existencial, social e ambiental buscando cocriar práticas de cura na tessitura social como um “do-in”, ativando tomadas de consciência, saindo da separação rumo a uma “comunidade de destino”,15 como sugere Morin, inspirando pensamentos e práticas para transições voltadas a pessoas comuns, em lugares comuns, em especial nas periferias, como é o nosso caso no Morro do Bumba em Niterói.
Tendo como eixo principal o cuidado que descortina uma visão que a tudo entrelaça nas diferentes dimensões das relações do indivíduo, do outro e do planeta, como tão bem sintetizado pelo artista, arquiteto e ativista austríaco Hundertwasser, no desenho da teoria das cinco peles16 (representado na figura abaixo), seguimos nos últimos 10 anos integrando saberes e realizações – através da ativação da nossa rede de parceiros que transforma pouco a pouco a racionalidade vigente (a nossa, inclusive) através e principalmente, da articulação dos eixos da arte e de práticas sustentáveis, fundidos em cuidados diversos por agenciamentos e confluências rumo a pequenos movimentos para a materialização de uma racionalidade complexa.

Uma vez situados alguns dos conceitos que nos inspiram e nosso lugar nesse debate, as próximas linhas contam um pouco acercado contexto histórico-político da formação da Casa Museu Rancho Verde, seguido pelo breve desenrolar da jornada até aqui e de sua teia, com uma pequena lupa em como cuidamos do nosso quintal. Por fim, compartilhamos algumas reflexões sobre desafios, sonhos e oportunidades de futuro para esse processo laboratório de afetos, que chamamos de Casa Museu Rancho Verde ou, simplesmente, de Casa.
Genealogia
Um dia, em 2010, atravessamos a Baía de Guanabara para conhecer uma pessoa especial. O que não sabíamos é o quanto que este encontro iria gerar de vivências e convivências, conectando pessoas e instituições, transformando vidas e criando uma rede de afetos e cuidados mútuos em torno de uma pequena casa verde. O “rancho verde” é a própria casa em transformação constante onde vive Hernandes José da Silva (HJS ou Seu Hernandes), no Morro do Bumba, Niterói, já com seus 92 anos completados. Conforme Seu Hernandes conta, a cor verde surgiu depois de um sonho no qual ele sobrevoava uma imensa área verde e uma voz dizia:17 “o verde que você vê é o verde da sua esperança, vai para casa, lá você tem tudo de que precisa.” Foi assim que a cor verde passou a fazer parte do seu imaginário, sendo imantada nas paredes e em toda a mobília reunida a partir de objetos achados e restaurados do seu redor e do próprio lixo nas ruas. Algumas recorrências também podem ser reconhecidas, chegando a formar séries, tais como cadeiras de diferentes tipos, ventiladores, relógios, bonecas, garrafas, luzes, espelhos, peças de madeira e até mesmo brinquedos. Ao percorrer essa casa viva, por todos os cantos tem-se a manifestação de sua aura de encantamento/pintura/batismo, um ritual de entrada no mundo HJS, em harmonia monocromática com o verde da vegetação, cheia de espécies de Mata Atlântica, um microcosmo botânico preservado bem no Morro do Bumba, no seu pequeno quintal onde passamos também a sonhar sonhos diurnos em forma de arte como resistência e engajamento social.
…o sonho abre a possibilidade de a gente se conectar com soluções coletivas e os sonhos são uma grande matriz de imaginação. Se as pessoas não sonham, elas não vêem futuro. Se a gente não vê saída não é por falta de ciência, é por falta de sonho.18
Que o verde que ele viu, possa ser também o verde da nossa esperança.
O primeiro encontro com seu Hernandes se realizou a partir da menção de sua carta de amor, por sugestão de seu vizinho,19 que participava dos encontros do Programa “Família em Trânsito”, do Núcleo Experimental de Educação e Arte (2010 – 2013)20 do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) em parceria com a Central de Penas e Medidas Alternativas (CPMA), desenvolvido por Maria Inês Albuquerque. Um dos focos principais do Núcleo era estabelecer estratégias para novas relações entre o museu e a cidade, focando nas questões: como construir e instituir novos vínculos, um lugar de afetos entre o museu e a sociedade; como avançar ou ampliar o sentido de educação para além do serviço de atendimento praticado mais regularmente pelos museus; como acessar pessoas e grupos considerando o campo dos acontecimentos da vida real como um espaço privilegiado de atuação para o museu?
O ponto de partida do “Família em Trânsito” foi a parceria experimental com o Tribunal de Justiça, com um grupo de aproximadamente 25 pessoas que viviam um momento de crise, vulnerabilidade e uma esperança de justiça restaurativa. Como parte da colaboração entre o Núcleo-MAM e a CPMA,21 foi elaborado um programa especial de visitas e diálogos sobre o sentido de museu, coleção e os exercícios de produção de novas narrativas e memórias compartilhadas. Foi nesse contexto de conversas sobre memória, afetos e relicários em nossas vidas que o grupo decidiu visitar o “Rancho Verde”, levando a prática pedagógica e terapêutica de “roda de conversa”. É a partir desse momento que a vida em isolamento, luto e solidão de HJS ganhou seu lugar de renascimento, a partir de sua integração ao programa e à sua agenda, tornando seu rancho um dos pontos de encontro para o grupo.
Assim, com o encerramento do Núcleo em 2012 e a chegada de Priscilla Grimberg, inauguramos uma abordagem mais transdisciplinar, que aproximava as curadorias educativas, as práticas museológicas sociais e as poéticas participativas das apropriações com o conceito de sustentabilidade, jogando luzes em um viés socioambiental latente no Rancho Verde. Reeditamos a roda de conversa – franqueada e aberta à coparticipação de novas pessoas e instituições, com vistas à construção de um novo ciclo de cidadania terrestre. Com a ação “Pode uma Casa virar Museu?”22 o Rancho Verde dá inicio à sua metamorfose para Casa Museu, hoje uma premiada ação local de Niterói (2019).




HJS – Seu Hernandes
Seu Hernandes nasceu em 1931 em Teresópolis. Em 1942, aos 11 anos de idade, fascinado pelo rádio pega um trem com destino ao Rio de Janeiro para realizar seu primeiro sonho: conhecer a Rádio Nacional que apresentava naquela época a primeira radionovela do país, “Em busca da Felicidade”, à qual todos os dias ele acompanhava de um armazém próximo a sua casa. A paixão pelo Rio de Janeiro foi à primeira vista, e um ano depois, aos 12 anos de idade, pegou o trem mais uma vez para o Rio de Janeiro, mas dessa vez indo para ficar definitivamente – e ao desembarcar na “cidade maravilhosa”, em um ritual de autobatismo, pede a benção da cidade para que ela o adote como filho. Foi em 1955, como ele conta, que a sua vida mudaria para sempre ao conhecer dona Edinéia de Matos Silva, Mineira de Belo Horizonte com quem viveu até 2009, quando ela partiu depois de 56 anos de uma linda história de AMOR, à qual HJS até hoje reverencia através da memória viva que traz em suas obras, como O berço da saudade e em tantas outras.


O artista e arquiteto austríaco Hundertwasser, no Manifesto do Mofo contra o racionalismo em Arquitetura,23 afirma de forma mais radical que só se pode chamar de arquitetura o projeto em que o arquiteto, o pedreiro e o ocupante formam uma unidade, isto é, quando se trata da mesma pessoa. Este é o caso do Seu Hernandes, que sonhou, projetou e construiu a própria casa.
Foi aos setenta anos de idade – quando, no ano de 2000, ao se aposentar como zelador de edifício, no qual residira por grande parte de sua vida – que de repente se viu sem casa. A saída foi vender seu único bem, um antigo Opala 1975, para comprar um pequeno terreno no Morro do Bumba. Foi iniciada assim, segundo ele, a maior tarefa da sua vida: a construção da própria casa, quando não tinha nada.
Mas de alguma forma as lembranças da casa da infância se expressam na maquete feita por ele durante o processo autodidata de construção com poucos recursos e utilizando materiais reciclados. O terreno precisava ser aterrado e foi assim que ele começou a prática de coletar materiais pelos arredores da comunidade, inicialmente madeiras e pneus, que foram preenchidos com areia. Após dois anos de construção e sete de convivência com sua amada, HJS se vê mergulhado no luto, não vendo sentido em nada, até que um dia encontrou uma carta de amor para ele, escrita por dona Edineia, que não foi entregue em vida e surge como um bálsamo, possibilitando reencontros.

Amor, arte e justiça
Foi justamente nesse momento da vida de HJS, no ano de 2010, que nós o conhecemos, atraídos pela sua história de luto e uma carta de amor. Ler e reler a carta se tornou vital para ele, especialmente quando lida para outras pessoas com quem ele pudesse compartilhar sua dor, memórias, saudades e as muitas histórias de vida. Pode-se dizer que os encontros e as rodas de Terapia Comunitária Integrativa,24 somadas à carta de amor, imantaram uma série de encontros que vivenciaríamos juntos ao longo de quase dois anos, inaugurando o Rancho Verde como espaço coletivo e curativo de um programa que entrelaçava arte e justiça restaurativa.
Importante ressaltar que o Brasil e o mundo vêm discutindo a necessidade de evitar o encarceramento, investindo na aplicação das penas e medidas alternativas à prisão. Segundo Rossana Xavier, assistente social da CPMA, as penas alternativas são uma oportunidade para aqueles que cometeram pequenos delitos evitarem a segregação e, ao mesmo tempo, para colocar a sociedade envolvida no processo de (re) socialização do sujeito. Acredita-se que o período de cumprimento possa ser uma oportunidade de interrupção do ciclo de violência, estimulando a diminuição da judicialização dos conflitos e desmistificando a Justiça como espaço apenas de punição. Para além do cumprimento das Penas, a CPMA introduziu em Niterói, de forma pioneira, a Roda de Terapia Comunitária Integrativa, adotada também como prática preventiva de saúde pelo Ministério da Saúde, naquele mesmo ano de 2010. A abordagem da roda com sua terapêutica de acolhimento sem hierarquia e onde todos aprendem com todos através da partilha das experiências de vida, contribuiu não apenas para a humanização da execução penal proposta pela CPMA, como também abriu uma zona de confluência para uma possível cidadania cultural dos museus de arte como pontos de agenciamentos, onde nossas ações pudessem ser identificadas como práticas e políticas sociais restaurativas envolvendo colaborações entre instituições públicas de arte, cultura e direitos humanos.


Tragédias, terra, embrião
Terra e tragédias
O contexto sociopolítico mundial da primeira década dos anos 2000 foi propício para reflexões acerca do modelo vigente. O mundo debatia o ‘desenvolvimento’ como um tema comum e central da humanidade25 vinte anos depois de sua inserção na pauta global. A RIO +20 (2012)26 acabou por potencializar essas discussões, tanto em nível internacional, quanto nacional e local – como no Bumba, uma favela do Estado do Rio de Janeiro. A Europa por sua vez, entendendo a geração e gestão de resíduos como expressão exemplar do falido modelo linear de produção-consumo-descarte, passa a promover uma semana para estimular essa reflexão (Semana Europeia de Redução de Resíduos-EWWR)27 e quiçá alterar práticas predatórias. No Brasil, essa questão ainda figurava na Idade da Pedra, dada a inexistência de diretrizes e atribuição de responsabilidades da sua gestão, visível na horda de catadores informais e muita degradação socioambiental.
Nosso município, Niterói, se revelou como um peculiar e contraditório mirante para a questão: pioneiro no país na coleta seletiva nos anos 8028 e, ao mesmo tempo, símbolo da irresponsabilidade socioambiental evidenciada na tragédia ocorrida no Morro do Bumba, fruto direto da permissividade e negligencia no tocante à construção de habitações sobre lixões . Em abril de 2010, o deslizamento ou explosão do morro do Bumba deixou até 60 casas soterradas e pelo menos 46 pessoas morreram com uma estimativa de 150 moradores desaparecidos ou mortes escondidas e inúmeros outros desabrigados.29


Os sentimentos dos agentes que viveram um deslizamento como o do Bumba podem se assemelhar aos das vítimas de um naufrágio, como retratado no conto de Edgar Alan Poe “Uma descida no maelström”:
Estávamos agora no cinturão de espuma que sempre circunda o torvelinho; e pensei, é claro, que dali a um instante seríamos tragados pelo abismo… Era como uma imensa muralha contorcendo-se entre nós e o horizonte.30
O conto foi o ponto de partida para a obra “Tale as a tool” dos artistas Aurélien Gamboni e Sandrine Teixido, na 9ª Bienal do Mercosul (2013), e é usado como ferramenta de cura de feridas e preparação para os desafios climáticos contemporâneos, como ocorrido no morro do Bumba e em parceria com a Casa seis anos depois da tragédia.31 Tal iniciativa exemplifica o agenciamento, que orgânica e naturalmente articula redes, sintonizando ações de metamorfose em escalas não imaginadas.


O Embrião
A tragédia do Bumba e o debate internacional sobre o modelo de desenvolvimento vigente do inicio do século XXI acabaram por estimular a promulgação, após uma década de discussão, do arcabouço regulatório brasileiro para gestão de resíduos sólidos.32 É também nessa época que nosso primeiro encontro se deu por intermédio dos filhos marcando o embrião desta caminhada conjunta calcada nos muitos pontos comuns entre nós duas, como o trabalho social em favelas e o estranhamento com o rumo escolhido pela sociedade e seus impactos. Tendo os resíduos sólidos como um interesse primeiro, visto como uma das evidencias mais dramáticas do destruidor modelo linear, surgiu ali um ponto de partida para pensarmos juntas ações no sentido da urgente mudança de trajetória em prol de práticas para uma nova consciência planetária.33Além de decidir por onde começar, buscamos intuitivamente, naquela longa conversa, o como fazê-lo. Nesse sentido, um encontro com HJS em sua casa no Bumba, chamada por ele de Rancho Verde, iluminou a possibilidade de uma sonhada metamorfose, tangibilizada inicialmente por aquela vida e morada escondidas. Segundo o próprio HJS, sua chama de vida foi reencontrada no lixo, ganhando expressão nas luminárias e canecas feitas de latas de tinta reutilizadas, vindas dos restos e abandonos do entorno.
Uma longa conversa sintonizou os nossos sonhos e utopias (de ações representativas de uma cidadania terrestre) com os sonhos de HJS (de compartilhar a sua história de vida, seus inventos e sua fé interplanetária no “sistema” com mais pessoas). O Rancho Verde – que vinha se configurando desde 2010 como um ponto de encontro fechado, deixa de ser somente uma morada, para, naquele momento, projetar-se também como um espaço aberto para pensar e promover novas visões e desenhos de mundo a partir das reflexões e práticas de ressignificação da racionalidade fragmentada. Um lugar de aprendizagem e multiplicação, ancorado em práticas de cuidado, desde as vidas sofridas, as memórias e as dores que se tornaram amor. Com o tempo, surgiram as garrafas, as flores, os brinquedos velhos e tantas outras criações em série, que passaram a ser catalogadas e dispostas em instalações, transformando um coisário em relicário.34
Observamos que o patrimônio primeiro desse laboratório de sustentabilidade, batizado de Casa Museu Rancho Verde é a própria relação de afeto dessa tríade, emoldurada, acima de tudo, pela sinergia de afinidades que segue em curso até os dias de hoje e que se torna rede, semeando pequenos pontos de luz verde a irradiar em várias direções, conforme contado brevemente adiante.
Germinando, florescendo e frutificando – A ampliação de saberes e fazeres
Como construir uma “comunidade de destino” a partir da experiência do dia a dia? Intencionando dar respostas a esta pergunta, organizamos a 1ª Semana de Redução de Resíduo em Niterói (SNRR), colocando o tema na pauta do dia para sensibilizar e engajar principalmente o cidadão comum nas discussões globais, como a Europeia, na defesa de que o melhor resíduo é aquele que não é gerado.
A promoção de três edições da SNRR (2012 a 2015) junto à União Européia foi um potencializador e uma plataforma de ações e atores da cidade em prol da nova racionalidade, a partir do olhar crítico e informativo direcionado aos resíduos.
As ações foram concentradas em dois eixos:
1. Intervenções, oficinas, exibição de filmes, e debates com foco socioambiental, como o Observatório da Varanda – MAC 360º, abordando o lixo marinho e a poluição da Baía de Guanabara.


2. Ênfase em práticas locais modelares em favelas, tendo como representantes da 1ª edição o Rancho Verde no morro do Bumba, o Maquinho no Morro do Palácio e o Projeto Arquiteto de família no morro Vital Brazil.
Ao incluirmos na agenda da 1ª SNRR uma ação no Rancho Verde, tínhamos como convicção, e ao mesmo tempo sonho, que a ampliação das experiências de ressignificação do lixo e renascimento, como a de HJS, poderiam revelar outras formas de fazeres, e, quem sabe, inspirar mais transições para a racionalidade complexa.
Os anos de 2012 e 2016 foram divisores de águas para nós, que constituímos a C3- Coleções, coletas e coletivos – Ações sustentáveis , com rebatimentos também para o Rancho verde, tanto do ponto de vista da: (a) escala e alcance das práticas de agenciamentos socioambientais, quanto de (b) um recorte curatorial da coleção emergente das obras de HJS.
Ambas as frentes iniciadas em 2012, foram base para uma culminância em 2016, por ocasião da celebração dos vinte anos do Museu de Arte Contemporânea de Niterói- MAC. O convite envolveu a integração na exposição Águas e Vidas Escondidas,35 a concepção e implementação da agenda regular de discussão sócio ambiental (MAC Fórum), e a participação e lançamento do curta-metragem internacional The Discarded,36 dentro do contexto dos Jogos Olímpicos Rio 2016.



Esta gama de agenciamentos com foco socioambiental foi definida naquele momento pelo diretor do MAC, Guilherme Vergara, como um marco critico curatorial para um museu:
Cultura, meio ambiente e sociedade se unem entre forma e símbolo pela apreciação do visitante.37
A ativação da segunda frente de atuação (curadoria das obras de HJS e a amplificação de seu exemplo) iniciou em 2012 com uma reflexão: “Pode uma casa virar museu?” Partia tanto da ressignificação de uma “carta de amor” como potencial início de uma coleção, e do reconhecimento da arte na criação cotidiana de HJS, como também de uma pergunta para nós, a fim de experimentarmos a potência das confluências entre nossas visões de mundo e as trocas de viveres e saberes que vinham acontecendo.38 Tal provocação deflagrou a construção de uma escultura viva de reinvenção estética, existencial e terapêutica do habitar, como um marco do perfil desse laboratório de sustentabilidade.39 Em 2016, já com curadoria da C3, integrávamos como “Casa Museu” a varanda do MAC+20, como um projeto de irradiação e parte de processos ativistas e artísticos relacionados as questões ambientais da Baia de Guanabara e da cidade, fato este que iria se repetir em outras exposições posteriores como no MADD (2017) e no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (2019).40


Todos esses processos alimentam e também são alimentados de conscientização e afeto, como relata Cristiana Seixas41, em seu enlace entre as poesias de HJS e os poemas de Manoel de Barros, ocorridos na Casa em 2018 e presentes nesta edição:
Voltei outras vezes… para abrir espaço para conviver e apreender outra lógica de ler e habitar o mundo.42
A Casa Hoje: práticas de cuidados e metamorfoses
Os últimos eventos pré-pandemia do Covid ocorridos com e na Casa Museu (2019),43 a premiaram,44 a certificaram,45 e a integraram à rede de ações locais municipais e aos alunos e professores da rede pública de ensino, ilustrando a concretização de sonhos e o culminar de esforços de múltiplos atores em prol de uma transição baseada no cuidado e na complexidade.

Hoje a Casa Museu atua especialmente como:
A. Ponto de encontro e de experimentações para reconexão e fomento da cidadania terrestre através de novas formas de atuação de museus;



B. Modelo de práticas sustentáveis, tangibilizando no Bumba, uma realidade possível e acessível a todos, por todos.
Desta maneira, as comunidades passam a localizar microssoluções ao invés de problemas, onde é semeado um ponto de esperança dali para fora, fazendo da Casa e sua rede, pontos verdes, focos de mutações e do despertar de que outro viver pode ser possível.46
Cuidando do quintal
No sentido de trazer coerência entre nossa reflexão e ação, temos desde a origem a preocupação em (a) fomentar e dar continuidade ao legado iniciado por HJS, com fornecimento de tinta verde47 e obras (b) ampliar a adequação dos aspectos ambientais centrais da Casa. Nessa toada, trabalhamos prioritariamente o nosso quintal, o que incluiu a redução de nosso impacto ambiental e autogeração de energia. Práticas que incluem melhor gestão de resíduos48 e principalmente, a execução de obras com eco tecnologias – como aquecimento de água ou de tratamento de efluentes.
Parte destas iniciativas da Casa também figura em dois dos treze episódios do Manual de Sobrevivência para o Século XXI.49
Com particular zelo pela dimensão social das intervenções, mantivemos como princípio basilar a transferência de conhecimento e de renda, via capacitação e a contratação de mão de obra local, seja no primeiro caso para tornar atores sociais multiplicadores das eco-tecnologias ou no segundo, com o fornecimento local de refeições para as oficinas, ou de ajudantes das obras e limpeza.
Adicionalmente, valores recebidos com premiações, doações50 e parcerias são destinados à preservação do patrimônio, como contenção de encostas, a reforma do telhado,51 muro de trás e a criação do espaço multiuso, que possibilitou a exibição de filmes e a realização de oficinas e shows abrigados da chuva.

As incertezas e o campo futuro de possíveis de uma micro “comunidade de destino”
Nesta breve retrospectiva, a Casa mostrou algumas possibilidades de aproximação com uma micro “comunidade de destino”, tendo operado como espaço de exemplos do cotidiano e centro de multiplicação. A partir do resultado obtido, dois elementos parecem centrais para pensar na extrapolação do que ocorreu no Bumba: de uma experiência individual/oculta para uma experiência em rede – com potência de agência para a metamorfose.52 O primeiro diz respeito à sincronia do encontro e ao perfil dos agentes e das ideias que subjazem sua ação coletiva, incluindo: suas motivações, disposições, partilhas, empatias e utopias para outras realidades que permitam a sobrevivência humana na Terra. O segundo elemento reside na eficácia da articulação de redes, cujos agenciamentos desembocaram em pequenas ações-exemplo a irradiar uma “comunidade de destino” em âmbito local, nacional e internacionalmente. Um terceiro elemento, este muito particular do nascimento e vida da Casa, partiu do Rancho Verde, e diz respeito a essa figura sábia, amorosa, inventiva e acolhedora que é o nosso querido e singular parceiro HJS,53 com quem temos a honra de compartilhar esse processo/laboratório, cuja história aqui pincelamos, e que chega em 2021 em plena adolescência.
Ao fazermos esse resgate da germinação e florescimento da Casa, também matutamos sobre as enormes dificuldades de se contribuir com o agenciamento dessa metamorfose, seja por suas facetas internas seja pelas externas. As primeiras envolvem sobretudo: (1) a violência e demais delongas, típicas de um ambiente de periferia no Rio de janeiro, que comprometem a nossa segurança, a do espaço e a dos visitantes; (2) o estabelecimento de uma estrutura remunerada para manter as atividades da Casa, que vem demandando investimento voluntário de seus organizadores e colaboradores há mais de uma década; (3) o fato de ser um ambiente privado, cujo proprietário se aproxima de um século de vida.
Os desafios oriundos do ambiente externo se relacionam principalmente com o momento atual civilizatório de mudanças de paradigmas54 e de ‘policrises’, ainda na transição de uma racionalidade fragmentada para uma racionalidade complexa, que se concretizam em mudanças concomitantes entre modelos (de estratégias empresariais, do sistema mundial e de microrresistências), limitando a colaboração da Casa. Apesar do incentivo à revisão do modelo vigente ocorrer desde o inicio do processo (seja no reaproveitamento de latas de tinta para elaboração de canecas e abajures de HJS, à sua ampliação em oficinas da SNRR em 2012), somente na segunda década do século XXI as empresas iniciaram sua jornada, como na internalização de conceitos de economia circular em suas ações. É a partir da sintonia dessas novas racionalidades que as perspectivas de atuação da Casa passam a abrilhantar ideias de futuro, como, por exemplo, servindo como ponto de ressignificação de resíduos via oficinas e exposições no Bumba, ou agenciando cooperativas e pontos de formação, e/ou até mesmo como parte inicial desta cadeia como ponto de coleta seletiva, como no caso das parcerias com Akzonobel e Tetrapak.
Todavia, as dificuldades não são impeditivas para nossos sonhos e para o oceano de possibilidades que se descortinam a todo o momento, como a desta escrita. Alimentadas pelo amor e pela esperança que se renovam a cada ação e a cada encontro, são muitos sonhos que ainda nutrimos. A ampliação da escala de ações de capacitação dos atores locais e o consequente alargamento dos seus horizontes e condições para a metamorfose desejada é o cerne desta utopia, seja na formação para implantação de novas eco-teconologias na Casa (como as ainda inexistentes captações de água de chuva e energia fotovoltaica), seja na ampliação da formação de professores para práticas sustentáveis.
Entretanto, o fortalecimento de parcerias e expansão da Casa ficam muito comprometidos com a condução do atual governo federal brasileiro. Em resposta à crise do Covid-19, com a interrupção do programa de renda emergencial, de um lado, e o desmonte da área ambiental e cultural de outro, colocam-se desafios adicionais de transposição das desigualdades estruturais e de valorização do ‘ter humano’ sobre o ser humano,55 especialmente naqueles de ‘agrupamentos subnormais’ como no morro do Bumba, sede da Casa. Em sentido contrário, o cenário do governo municipal descortina várias potencialidades de ampliação de ações ocorridas a partir da recente premiação (2019) concedida à Casa, tais como espaço para expansão de formação de multiplicadores e alunos junto às Secretárias de Educação, Meio Ambiente e Cultura do município, e também a rede privada de ensino da cidade.
Há potência latente também com parceiros antigos da sociedade civil organizada, em sonhos de estabelecimento no Bumba: um núcleo de musicalização (da ONG Orquestra de cordas da Grota), e a formação de ecoagentes comunitários (Projeto Ecomagente do IAM).

Vimos como deveras importante e desafiadora a tarefa de documentação e preservação da obra e vida de HJS, que daqui a pouco completará 100 anos. Para que tal sabedoria e legado sejam compartilhados, importa mais que as organizações sejam perenes – para além das pessoas. É nesse sentido, que a Casa poderia ser vista como um patrimônio público, vivo, atemporal e impessoal para o uso da comunidade do Bumba e de Niterói. Seja fisicamente, na continuidade deste ponto de esperança como parte dos equipamentos socioculturais da cidade ou livro de fotografias com ações da Casa, e textos de HJS e parceiros convidados (projeto sonhado há tempos), ou seja, virtualmente. A “Casa Museu virtual” é hoje uma demanda sobre a qual temos nos debruçado, entendendo sua potência exponencial para gerar conexões e diluir barreiras geográficas para novas participações. Entendemos que ao potencializar um local específico, podemos irradiar para seu entorno e além.
Num universo de tantas incógnitas diante das incertezas do presente e do futuro da pequena Casa, enquanto agente de vida e metamorfose, espaço de uma micro “comunidade de destino”, nos inquietam as perguntas: como nos mantermos unidos, criativos e esperançosos para enfrentarmos os desafios projetados para o mundo pós pandêmico? Como podemos encaminhar a Casa para uma independência do nosso agenciamento?

Estas perguntas ressoam desafiando e também reunindo nossas forças. Uma luta infinita que compartilha a certeza de que há mais “vidas escondidas” a serem desvendadas e potencializadas em outras camadas sutis desta história. Para além de HJS, da casa-museu, dos encontros e das práticas, queremos agradecer presenças ímpares, sem as quais não teríamos esta história para contar. Segundo Bert Hellinger,56 todos fazem parte, e a exclusão e invisibilidade é o que adoece os sistemas viventes, seja na família ou na sociedade, e não é diferente dentro de um trabalho. O ato de reconhecer fortalece o senso de pertencimento e a força que cada um de nós representa dentro dos sistemas.
Nossa lista de agradecimentos se inicia voltando ao começo do começo – às genealogias que (co) habitam este sistema, trazendo à tona uma constelação de vidas escondidas que se entrelaçaram em algum momento em algum lugar: Guilherme Vergara e Jessica Gogan que acreditaram e apoiaram as frágeis e incertas ideias iniciais do “Programa Família em Trânsito”; Rossana Xavier que topou e viabilizou a parceria com a CPMA; nosso amigo F. que nos conectou ao Seu Hernandes; o próprio HJS que abriu a sua casa e coração; Dona Edmeia, que antes de partir deixou uma carta de amor que a tudo e a todos uniria; e, por fim, a força criadora que nos uniu (Priscilla Grimberg e Maria Ignes Albuquerque), e nos conectou a este fluxo virtuoso e ascendente de luz e colaboração inimagináveis.
A lista se estende à nossa teia, composta por:
Museus, como o Bispo do Rosário, MADD e o Programa Arte Ação Ambiental do MAC de Niterói; Produtoras audiovisuais como Provisório Permanente, Amorim Filmes, Útero, Sound off films e Faz Digital; Universidades, como o Programa de Extensão da UFF – Museus Laboratórios sem Paredes; ONGs como Engenheiros sem Fronteiras- RJ, Instituto Mesa, Casa Museu Eva Klabin, Instituto Ambiente em Movimento – IAM, Projeto Social Educar, Grupo musical Non stop, encubado pela Orquestra de cordas da Grota, Ponto Org, Projeto Makers Meal; Bem TV, projeto Grael; Empresas, como Icarahy Canoa Clube, Solarize, Ampersand design, Brettas bike, AkzoNobel – Tudo de cor, Tetrapak; além da Prefeitura de Niterói,PRODUIS e sua Secretaria de cultura com a recente rede de ações locais. Dentre os artistas e ativistas contemporâneos de diversos campos, temos o coletivo Re Afrodite (Chipre), Sandrine Teixido (França), Daniel Marques, Leandro Almeida, Marcia Campos, Agrade-se e Henrique Viviani, Diana Kolker, Maria Joâo, Robson Lemos, Josemias Moreira, Gustavo Stephan, Silvia Pires, Marcus Vinicius Fattor, Duda Mattar, Breno Platais e Marcos Palmeiras,57 além dos apoios locais e primordiais de Henrique, Flavio, Seu Antônio e família, Felipe e nossa querida Angélica.
Lista que segue sempre aberta a novas colaborações e desdobramentos – agradecendo todes que apoiaram este “do-in” local planetário e lançando uma convocatória para mais que mais magnetos, tal como cartas de amor, sejam usados como dispositivos de despertar para o senso de pertencimento tão necessário para superação da crise civilizatória vigente. Pertencer é igual a sobreviver, e, como não existe um destino individual que possa sobreviver isoladamente, precisamos nos unir. Como diz Sorokin:
O amor pode fornecer uma “cola social” vital para nos manter unidos ao enfrentarmos desafios. Se nos separamos, um colapso evolucionário parece garantido. Se nos unirmos de forma autentica, contudo, temos o potencial real de darmos um salto evolutivo. E, para nos unirmos, precisamos reconciliar as muitas diferenças que, hoje, nos dividem. Precisamos encontrar harmonia onde hoje há discórdia. Precisamos cultivar o respeito e consideração pelos outros algo que, afinal está nas bases do amor.58
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Priscila Grimberg
Designer, mulher 50+, mãe, curiosa e interessada em tudo o que caminhe para sua melhor versão. Integra o laboratório de Justiça Ambiental -UFF, o conselho de ONG´s, é cofundadora da Casa Museu Rancho Verde e entusiasta da metamorfose para uma comunidade de destino, a partir da ampla ação coletiva de atores da sociedade como forma de viabilizar sua sobrevivência no 3º milênio. Mestre em Desenvolvimento Sustentável (UFRJ), Doutoranda em Políticas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento (UFRJ), atua há mais de 15 anos como consultora na relação entre negócios e sociedade, especialmente nos setores extrativos, de infraestrutura e habitação em periferias. Interesse especifico no enfoque territorial do desenvolvimento.
Maria Ignês Albuquerque
Mãe de 4, Pedagoga, Designer em Sustentabilidade (Gaia Education), mulher 50+, há 25 anos concebe e realiza curadorias educativas para Museus nacionais (Museu de Arte Contemporânea de Niterói – MAC, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro- MAM e Oi Futuro) e internacionais (Metropolitan Museun of Art no “Parent Child Workshop” e no “Doing Art Together” da rede pública de ensino de Nova Iorque). Junto ao Núcleo Experimental de Educação e Arte do MAM, desenvolveu o programa Família em Trânsito. Há 10 anos incorpora a temática ambiental, sendo cofundadora e gestora do projeto Casa Museu Rancho Verde. É artista/ativista ambiental com foco em lixo marinho.
Casa Museu Rancho Verde
Facebook: https://www.facebook.com/Casa-Museu-Rancho-Verde-1780444935503933/
Instagram: https://www.instagram.com/casamuseur/
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCDoEY4C9ONpuYgSbgGIug7A
1 ROCKSTRÖM, J. et al. Planetary boundaries: exploring the safe operating space for humanity. Ecology and Society, v. 14, n. 2, p. 32. 2009.
2 PRATES, IRVING, 2015, p. 30
3 MORIN, E.; KERN, A. B. TERRA-PÂTRIA. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003.
4 COMERCIO, S. S. do. Para um pensamento do sul: diálogos com Edgar Morin. Rio de Janeiro: SESC – Departamento Nacional, 2011.
5 ABRAMOVAY, R. MUITO ALEM DA ECONOMIA VERDE. Sao Paulo: Editora Abril, 2012.
6 SOUSA SANTO S, Boaventura. Una Epistemología del Sur. La reinvención del conocimiento y la emancipación social. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, CLACSO, 2009. P. 160-209.
7 LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. 5ª ed. Tradução de Sandra Valenzuela. São Paulo: Cortez, 2010, pp. 23-108
8 No olhar de Thomas Kuhn, a ciência é feita de paradigmas – modelo ou padrão aceitos. KUHN, Thomas, S. A Estrutura das revoluções científicas. 5a. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1970.
9 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2a ed. Brasília, DF: UNESCO, 2000.
10 Ver mais em: MORIN, Edgar Introdução ao Pensamento Complexo, Lisboa, Instituto Piaget, 1991.
11 MORIN, Edgar; KERN, Anne. B. TERRA-PÂTRIA. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003., p.178
12 MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2a ed. Brasília, DF: UNESCO, 2000.
13 IRVING, Marta de A. Sustentabilidade e O Futuro que não queremos: polissemias, controvérsias e a construção de sociedades sustentáveis. Dossie Sustentabilidade, Rio de Janeiro, no. vol. 9 n.26 ed. Sinais Soc, p. 1–4, 2014. https://doi.org/10.15713/ins.mmj.3.
14 IRVING, Marta de A.; OLIVEIRA, Elizabeth. Sustentabilidade e Transformação Social. Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2012.
15 Edgar Morin. Comunidade de destino. (…) ” precisamos fundar a solidariedade humana não mais numa ilusória salvação terrestre, mas na consciência … de nossa pertença ao complexo comum tecido pela era planetária, na consciência de nossos problemas comuns de vida ou de morte,na consciência da situação agônica de nosso começo de milênio. In. MORIN, Edgar; KERN, Anne B. TERRA-PÂTRIA. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003. p. 179
16 The five skins (as cinco peles): 1 Epiderme; 2 Roupas; 3 Casa; 4 Identidade, Família, Natureza, País, Outras Pessoas; 5 Terra, Ecologia, Natureza in RESTANY, Pierre, The Power of Art Hundertwasser: The Painter-King with the Five skins, Cologne: Taschen, 1998, pp. 10-11
17 Seu Hernandes tinha diferentes referências a essa voz. O Sistema como sendo seu próprio pensamento, outras vezes como a Voz de Deus ou dos anjos. Dependendo da narrativa ele alterna ou funde essas perspectivas na fala.
18 RIBEIRO, Sidarta in VARGAS, Bruna, Sidarta Ribeiro: “Se as pessoas não sonham, não veem futuro”, SAUDE MENTAL, 2020. Disponível emhttps://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2020/07/sidarta-ribeiro-se-as-pessoas-nao-sonham-nao-veem-futuro-ckcqd85v4001o013gx3n50nnf.html (Acessado em março 2021)
19 Mantivemos o anonimato do vizinho de HJS, respeitando o código de sigilo da CPMA.
20 MAM, blogspot. Despedida: O Núcleo Experimental de Educação e Arte, 2017. Disponível em https://nucleoexperimental.wordpress.com/ (Acessado em março 2021)
21 Depois de um ciclo de 3 anos (2009 a 2012), o Núcleo Experimental de Educação e Arte no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro encerrou seus trabalhos e esforços que exploraram e refletiram as buscas por novas possibilidades e sentidos dos museus de arte para a educação no século XXI.
22 Detalhada mais adiante neste documento
23 SCHMIED, Wieland. For a More Human Architecture in Harmony with Nature. German, Hardcove. 1997
24 SILVA, M. Z. da; BARRETO, A. de P.; RUIZ, J. E. L.; CAMBOIM, S. P.; LAZARTE, R.; FERREIRA FILHA, M. de O. O cenário da Terapia Comunitária Integrativa no Brasil: história, panorama e perspectivas. Temas em Educação e Saúde, [S. l.], v. 16, n. esp.1, p. 341–359, 2020. DOI: 10.26673/tes.v16iesp.1.14316. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/tes/article/view/14316. Acesso em: 8 mar. 2021
25 Das nações-membro da Organização das Nações Unidas (ONU)
26 A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida por RIO+20:
27 Ver mais em EWWR, European Week for Waste Reduction. Disponivel em: https://ewwr.eu/project/ (Acessado em março 2021)
28 A primeira experiência brasileira sistemática e documentada de coleta seletiva teve início em abril de 1985 no bairro de São Francisco, em Niterói (RJ) com o professor Emilio Eigenheer da UFF.
29 Ver mais em Morro do Bumba: triste símbolo do problema do lixo, Revista em discussão, 2010, Disponível em: https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/revista-em-discussao-edicao-junho-2010/noticias/morro-do-bumba-triste-simbolo-do-problema-do-lixo.aspx (Acessado em março de 2021)
30 POE, Edgar A., Contos de imaginação e mistério. Tordesilhas; 1ª edição, 2012, p. 111.
31 Sandrine Teixedo “Um conto como ferramenta” Revista MESA no.6 “Vidas escondidas”
32 Através da Politica Nacional de Resíduos sólidos (PNRS) – Lei nº 12.305/2010
33 MORIN, Edgar.; KERN, Annr B. TERRA-PÂTRIA. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003.
34 Muito textos de HJS começaram a ser escritos na época e hoje, há uma profusão dos mesmos, assunto para uma sonhada publicação futura.
35 NITERÓI, Cultura. Baía de Guanabara, Águas e Vidas escondidas, 2012. Disponível em: http://culturaniteroi.com.br/blog/index.php?id=2294&equ=macniteroi (Acessado em janeiro de 2021)
36 Annie Costner e Carla Dauden (diretoras) The Discarded, 2016. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Rb23MGDsQ2c&feature=player_embedded
37 VERGARA, Guilherme in: ALBUQUERQUE, Maria Inês e GRIMBERG, Priscilla. “Como nasce uma ideia?” Relatório da 1ª Semana Niteroiense de Redução de Resíduos, 2013, p.3
38 ALMEIDA, Leandro. Como nasce uma experiência, 2016. Disponível em https://youtu.be/dDKMFtG_lBg (Acessado em março 2021)
39 Nas dimensões do cuidado com o individuo e com o planeta e enquanto metamorfose, entendida como mudança de consciência e de comportamento In COMERCIO, S. S. do. Para um pensamento do sul : diálogos com Edgar Morin. Rio de Janeiro: SESC – Departamento Nacional, 2011..
40ALVES, Bruno, Casa-Museu Rancho Verde integra exposição no Museu Bispo do Rosário, 2019. Disponível em https://brunoeduardoalvesmultijornalista.blogspot.com/2019/09/casa-museu-rancho-verde-integra.html (Acessado em março 2021)
41 Psicóloga, biblioterapeuta, especialista em arteterapia
42 Cris Seixas “Poética de resgate” Revista MESA no.6 “Vidas escondidas” 2021
43 GOVSERV, Niterói. Casa Museu promove tarde especial na próxima sexta-feira (04), no Morro do Bumba!, 2019. Disponível em: https://www.govserv.org/BR/Niter%C3%B3i/2139912266147347/Cultura-Viva-Niter%C3%B3i#location (Acessado em março 2021)
44 KALICHESKI, Daniela, Ações de trabalho voluntário em Niterói ganham prêmio de apoio à cultura, Jornal O GLOBO, 2019. Disponível em https://oglobo.globo.com/rio/bairros/acoes-de-trabalho-voluntario-em-niteroi-ganham-premio-de-apoio-cultura-23609725 (Acessado em março 2021)
45 Como Ponto de Cultura pelo Governo Federal
46 NEDER, Lívia, Em Niterói, projetos locais promovem a defesa do meio ambiente: Atitudes simples promovem o despertar da consciência ecológica e são exemplos positivos para esta e futuras gerações adotarem boas práticas sustentáveis, O GLOBO, 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/em-niteroi-projetos-locais-promovem-defesa-do-meio-ambiente-23710754 . (Acessado em março de 2021)
47 Fruto de parceria com a Akzo Nobel
48 Com reaproveitamento nos materiais das oficinas, coleta seletiva e compostagem). Ver mais em: Amstel , Jay M. N. van, Oficina de Compostagem, Blogspot Ecomagente, 2017. Disponível em http://ecomagentegrota.blogspot.com/2017/10/visita-tecnica.html?m=1(Acessado em março 2021)
49 Século XX, Manual de Sobrevivência para, Episódio 10, 2018. Disponível em https://youtu.be/zVCRtXzvPWk (minuto 11:40) (Acessado em março 2021)
50 SOLARIZE, Doação da Solarize na campanha para reforma do telhado da Casa Museu Rancho Verde, 2020. Disponível em https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/435-doacao-da-solarize-na-campanha-para-reforma-do-telhado-da-casa-museu-rancho-verde (Acessado em março 2021)
51 SODRÉ, Leonardo. Grupo se mobiliza para reformar museu de artista popular no Morro do Bumba, em Niterói, O Globo, 2020. Disponível em https://oglobo.globo.com/rio/bairros/grupo-se-mobiliza-para-reformar-museu-de-artista-popular-no-morro-do-bumba-em-niteroi-1-24788053(Acessado em março 2021)
52 MORIN, E.; KERN, Anne B. TERRA-PÂTRIA. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003.
53 Leandro Almeida (dir) Documentário longa metragem sobre a vida de Sr Hernandes em processo representado nesta edição como ensaio fotográfico. http://institutomesa.org/revistamesa/edicoes/6/portfolio/leandro-almeida/
54 Ver mais em FAVARETO, Arilson. Multiescalaridade e multidimensionalidade nas políticas e nos processos de desenvolvimento territorial– acelerar a transição de paradigmas. Desenvolvimento Regional: Processos, Políticas e Transformações Territoriais. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020.
55 IRVING, M. de A. Sustentabilidade e O futuro que não queremos: polissemias, controvérsias e a construção de sociedades sustentáveis. Sinais Sociais, Rio de Janeiro, vol. 9, no. 26, p. 11–36, 2014. p.15
56 HELLINGER, Bert e HOVEL, Gabriele Ten. Constelações Familiares – O Reconhecimento das Ordens do Amor. Cultrix. Brasil. 2001, p.59
57 RANCHO VERDE, Casa Museu. Ei, você! Sua presença é bem vinda! Junte se a nós também!2016. Disponível em: https://www.facebook.com/watch/?v=1807775302770896 (Acessado em março de 2021)
58 SOROKIN, Pitirim (1967) apud HASRLAND, Maddy; KEEPIN, Wiilian. A canção da terra: Uma visão de mundo cientifica e espiritual. Rio de Janeiro, Roça Nova, 2016, p. 210.