Inventário/Invenção. Encontro Internacional Cuidado como método # 2, Saracura, Rio de Janeiro, 29 de setembro, 2017. Photo: Josemias Moreira Filho.

Glossário

Edição

Jessica Gogan e Izabela Pucu

Participantes

Alison Stirling, Ana Teresa Derraik, André Bastos, Angela Carneiro, Annette Krauss, Casa Jangada, Catarina Resende, Cezar Migliorin, Cristina Ribas, Dai Ramos, Eduardo Passos, Enrico Rocha , Fernanda Eugenio, Gladys Schincariol, Iacã Macerata, Lidia Costa Laranjeira, Luiz Guilherme Vergara, Mariana Guimarães, Noelle Resende, Rafa Éis, Rafael Zacca, Ruth Torralba, Steve Hollingsworth, Tulio Batista Franco, Virgínia Kastrup

Verbetes

Atenção conjunta – Pode ser definida por quatro características principais, pensando com Yves Citton, Daniel Stern e Félix Guattari: a co-presença, a reciprocidade, a sintonia afetiva e as práticas de improvisação. Numa situação de co-presença, a atenção do outro afeta a orientação de minha própria atenção e vice-versa. Ela reúne um reduzido número de participantes que se afetam mutuamente, numa complexa reciprocidade. Envolve a relação eu-outro e também objetos e situações do mundo, conectados num plano de forças e afetos pré-individuais. É uma atenção presencial, inventiva e compartilhada, que ocorre em apresentações artísticas ao vivo, na sala de aula, na relação mãe-bebê e em encontros diversos. Comportando a improvisação e a experimentação, é marcada pela imprevisibilidade. O conceito de atenção conjunta problematiza as concepções individualistas e mentalistas de atenção e, numa outra direção, aponta o papel da atenção na produção de subjetividades coletivas e na conexão de corpos, bem como a inseparabilidade entre cognição e afeto. Virgínia Kastrup

Cinemar – O sujeito cinema, o grupo cinema. Ele escuta, vê, escolhe, une, elimina, recorta, desvia, segue, enquadra, altera, recebe, nega, monta. Bate em uma porta, invade, entra, espera, conversa, dança, escreve, ouve. Documenta: negocia no mundo do outro um lugar para si. Artifício da relação. Algo acontece. Tela preta. Ele pensa, chora. Sonha o sonho do outro, pensa–chora (sinapse-lágrima). Vê pelo olho do outro – não há mais eu. Ensaia, refaz, faz diferente, repete. Faz o gesto durar, parar, voltar. O gesto, o olho, a pele, a palavra, o som – tudo a mostra, tudo entre o dizer e o dizível, entre o sentir e o sentido. Uma música desvia o sentido, refaz a sensação. Corte seco. Tramar, vagar, erotizar; o silêncio habitado. Outros presentes, novos passados. O tempo é. O sujeito cinema, o grupo cinema. Cezar Migliorin

Comprometimento – Pense na estudante secundarista que conta com entusiasmo sobre os dias de ocupação da escola. Ela descobre, como quem retira aquilo que a impedia ter um contato direto com os seus interesses, que é no processo de cuidar do que a vida solicita, individual e coletivamente, que a aprendizagem se realiza e as disciplinas se desenvolvem. Após a experiência de viver dias e noites inteiros com outros colegas no abrigo da escola, ela segue investigando de que modo aquele espaço, e as relações que nele e dele se constituem, podem favorecer ao cuidado mútuo e ao aprendizado da convivência. Enrico Rocha

Comum – Pense na liderança comunitária que antecipa o sentimento de comunidade ao dever de lutar por seus direitos. Antes se sentiu pertencente, percebeu o sentido da própria vida em relação àquelas outras vidas com quem compartilhava o cotidiano. Daí, então, se reconheceu liderança e recusou toda oferta de valor para a venda da sua casa que fosse menor que o valor atribuído por ela mesma ao território comum, incalculável. Também pense no artista que se apresenta como homem ordinário, um trabalhador na lida diária de conquistar a própria vida, para além das necessidades materiais. Seu esforço é dar forma ao que se tece entre uma vida e outra, e assim, no mesmo movimento, tornar-se também visível. Enrico Rocha

Corpo feminino em expansão – O corpo feminino é uma sucessão cíclica de acontecimentos ordinários com consequências extraordinárias. Alguns fenômenos fisiológicos se expressam de forma violenta onde rupturas se impõem, outros sutis e delicados são parcamente percebidos. Pensar cuidado na abordagem desse universo corporal e individual significa pensar a vida em todas as suas instâncias e manifestações, onde cada novo ciclo traz em seu âmbito infinitas possibilidades de descobertas, de reinvenção, de gozo, de multiplicação, de mutilação, de eclosão, de fecundidade, de finitude, de expansão… esses possíveis têm objetividade e concretude explícitos e seus efeitos reverberam nas ambiências que os contém. As linhas de cuidado na atenção à saúde do feminino precisam acolher a subjetividade e a persistência desses fenômenos que têm nos eventos biológicos uma articulação delicada e inevitável que não se limita ao próprio corpo. Lapsos e intervalos estabelecem brechas, movimentos são catalisados por gatilhos que se nutrem de uma pluralidade de estímulos de diversas naturezas. A vida fica em suspenso a cada instante e em súbito fôlego se reestabelece com vigor e avidez e fúria. Abordar esse corpo em cuidado é primordialmente garantir espaço para que seus processos criativos aconteçam em toda a sua plenitude, em expansão. Ana Teresa Derraik

Cuidada – O cuidado, substantivo masculino? Diante do cuidadO dizemos a ‘cuidada’. A afirmação da cuidada explicitando a natureza feminilizada do trabalho dos cuidados – majoritariamente realizado por mulheres. Mas não proponho trocar o gênero para o feminino como modo de endossar a sujeição das mulheres a esse trabalho invisibilizado e quando pago, mal pago. Além disso, o cuidado das cuidadas não chega a ser um assunto. Está sempre em defasagem. Trocar o cuidado para a cuidada é parte do trabalho das lutas feministas de manter o gênero na tensão. Como o ‘tense’ de um verbo. Tensionar o gênero no seu próprio corpo, de cada corpo, e na espinha dorsal da sociedade. Tensionar de maneira a despregar das binarizações que ainda regimentam tanto o ambiente doméstico, os movimentos organizados e os modos de reprodução permitindo a emergência de outros gêneros, de outros modos de cuidar, de transversalizar. Cuidado e cuidada, cuidados e cuidadoras nas dimensões privada e pública estão tramados por um plano de fundo, pela infraestrutura invisível do trabalho feminilizado, que alimenta e nutre (emocional, econômica e culturalmente, etc) a porção produtiva da sociedade – mas da qual também fazem parte. É preciso fazer tensionar essas determinações – tanto da produção de gênero como da reprodutividade ou da improdutividade. Cristina Ribas

Cuidado de Território – Cuidado de um espaço relacional onde se dá a experiência situada de um vivente, em contiguidade com alteridades que exuberam para aquém e além de um indivíduo: rede de agenciamentos de elementos heterogêneos, pessoas, grupos, animais, plantas, enunciados, histórias, saberes locais, hábitos. Ao cuidar, cuidamos sempre de e em um território de relações. Nesse sentido a preposição “de” guarda múltiplos sentidos de relação: cuidar com, a partir, para, em meio, através. Cuidado de território é ativar a potência do território vivo enquanto protagonista do cuidado, renunciando ao cuidado como ação unilateral de um especialista. Iacã Macerata

Cuilêncio, o silêncio como cuidar – Silenciar, vagar à beira dos abismos, abertura para o desconhecido, para o que não tem nome, mas presença. O silêncio como cuidar é a possibilidade de projeção para onde o vento sopra intensidades do porvir. Num mundo tão barulhento de sons, imagens, produtivismo, silenciar torna-se uma posição política para a escuta do que constantemente é sussurrado. Cuidar pede tempo, corpo, deslocamentos, colheita de raros, mas de coragem, paciência e fé na vida, diz o silêncio. O convívio com surdos nos convida ao mundo silencioso dos sons para adentrar no tempo das síncopes, lugar em que o corpo desenha o tempo e se faz espaço de marcas das intensidades. Bordas de criação, mistura de gente, objetos, natureza e outros surpreendentes na qual a vida é possível. Os jovens surdos cotidianamente atravessam o desafio de transformar a cidade numa aldeia, parceira de encontros e histórias. Plantar o silêncio em nós amplia a possibilidade de criarmos um comum, entre surdos e ouvintes, na riqueza de formas e movimento que mutuamente nos estranhe, e nos deixe porosos de possibilidades. Não mais surdos, nem ouvintes, mas rastros brincantes dos fluxos de vida. Uma aposta, quiçá mais bela, digna e solidária. Angela Carneiro

Des aprendizagem/ Unlearning – O termo “unlearning”/ “desaprendizagem” aparece no contexto dos movimentos sociais, da educação alternativa, do feminismo e da história pós-colonial e decolonial (ANDREOTTI 2011, SPIVAK 1993)… Desaprendizagem denota, aqui, uma investigação crítica ativa das práticas e estruturas normativas para que haja uma tomada de consciência e um descarte das ‘verdades’ estabelecidas da teoria e da prática. “Aproxima-se do que a estudiosa pós-colonial Gayatri Spivak denomina ‘desfazer produtivo’ que deve ser realizado ao longo das linhas falhas do fazer, sem acusação, sem desculpas, tendo em vista o uso” (Spivak 2012,1) (KRAUSS, 2019, 19). O conceito de desaprendizagem será explorado no livro a ser publicado em breve: KRAUSS, Annette. Sites for Unlearning: On the Material, Artistic and Political Dimensions of Processes of Unlearning. Brooklyn: Autonomedia, 2019. Annette Krauss

Diálogo – Pense na médica e artista que abstrai o título de doutora para realizar um encontro verdadeiro com seus pacientes. No deslocamento entre realidades tão distintas, busca auscultar sopros de semelhança entre uma vida e outra, incluindo a sua própria. Tateia outras formas sistêmicas que permitam à vida seguir seu próprio curso livremente. Pense também na artista que acentua no ambiente social dedicado à elevação do espírito aquelas ações necessárias para sustentação da matéria, cotidianamente ignoradas. Seu gesto, quando percebido, torna visível o processo sistemático de invisibilização de muitas vidas, que dedicam seu tempo e energia em cuidados que só são notados quando ausentes. Mesmo nesses espaços onde se celebra a atenção às delicadezas, é somente quando o chão está sujo que se percebe a pessoa que limpa, é somente quando se tem sede ou fome que se nota a pessoa que equilibra as bandejas. E não é coincidência, nos diz a presença silenciosa da artista, que essas pessoas, em sua imensa maioria, sejam mulheres negras. Enrico Rocha

Estar-com – A prática de estar-com é um dispositivo de criação de um campo comum de ressonância para experimentações do corpo na cidade. Nessas práticas ocorre um movimento de abertura que acontece na justa medida do encontro. O outro que se apresenta como desejável – pessoa ou lugar – nos descentraliza e nos inclina em direção ao não-saber, ao indeterminado, ao imprevisível. As práticas de estar-com são pensadas como “coreografias” não por encadearem partituras de movimento, mas por atualizarem os pré-movimentos, o campo de forças e a abertura para os atravessamentos. Nessas práticas, inauguram-se novas potências de relação, corporeidades e possibilidades de criação. O cuidado que emerge nessa relação move-se no contra-fluxo do controle, posto que opera num espaço relacional, numa aposta sem garantias que tem o chão como colo. Lidia Costa Larangeira e Ruth Torralba

Evento mínimo – Em sua teoria Time Base Theory (Base de Tempo), o artista britânico John Latham (1921-2006) do coletivo Artist Placement Group (APG) discordou do modo tradicional da física, que enfatiza a compreensão cada vez mais complexa de partículas subatômicas. Ele sustentou que, por sermos criaturas dotadas de memória, nossa percepção do tempo como um “Evento” deveria ser nossa unidade fundamental de compreensão do mundo. Do ponto de vista humanístico, argumentou que uma “Estrutura de Evento” ou um “Evento Mínimo” poderia nos ajudar a entender o mundo. Um “Evento Mínimo”, para Latham, era o menor intervalo entre o nada e uma memória perceptível, uma unidade fundamental antifísica de ser. Assim, para muitas pessoas que tem deficiências de desenvolvimento complexas, tudo acontece rápido demais para ser percebido por elas, o mundo e os acontecimentos se desenrolam muito mais rápido do que elas conseguem assimilar. Na tentativa de decifrar as mentes e as memórias, o tempo precisa ser “dilatado”, “texturizado” ou “solidificado” de alguma forma a ponto de se tornar lento o suficiente para poder ser apreciado. Nós precisamos nos equiparar a essas pessoas, desaprendendo nossas percepções rápidas e tentando nos desvincular dos nossos próprios hábitos sensoriais, do nosso próprio “normal”. Quando aprendemos a estar com pessoas com deficiências complexas no tempo DELAS e estabelecemos conexões significativas com elas, abrem-se portas interessantes para novas formas de pensar a respeito de quem somos nós. Steve Hollingsworth

Fio-ação – Movimento processual de tecer-se à medida que tecemos o coletivo. Um devir que se realiza no encontro com o outro, a partir do outro e reverbera em si mesmo e produz processos de singularização e autonomia na relação intrapessoal e coletiva. É um devir-com, uma micropolítica de transformação onde o movimento processual do tecer-se é sempre o movimento coletivo do tecermo-nos através da invenção de processos de criação, enunciações, agenciamentos coletivos, práticas de cuidado, afeto e sobretudo diálogo. Fio-ação é o movimento constante do tornar-se. Mariana Guimarães

Gestão como gesto – Pense na gestão de um centro cultural público que reconhece na capacidade de articulação das pessoas seu principal recurso e, assim, enfrenta as inúmeras limitações de uma máquina burocrática desenvolvida em contradição com os interesses comuns. Ao juntar seus recursos humanos ao entendimento de centro como o ponto de interseção entre muitos vetores de uma rede complexa, à compreensão de cultura como experiência ética e estética do coletivo e à noção de público como condição política da existência, essa gestão é capaz de movimentar muito mais que um prédio, mas também um bairro e uma cidade. Uma gestão que nos convida a realizar uma aposta comum no futuro e uma aposta em um futuro comum. Enrico Rocha

Humildade sempre prevalece? – Ser sempre humilde com quem detém poder (plena palavra do poder: psicológico, financeiro, institucional) para ter em troca o bom relacionamento, para ganhar em benefício a cativação de quem detém o poder, como uma prostituição psicológica; quando o usuário tem uma submissão voluntária com o objetivo de ganhar algo (cigarro, “repeteco” das refeições). Você pode estar morando numa residência terapêutica ou sozinho, mas você terá o pensamento institucionalizado – uma institucionalização psíquica. Será que esse tipo de humildade do paciente é o que deve prevalecer? André Bastos

Inserção Entre as diferentes formas de participação, a inclusão guarda um sentido mais passivo do que a inserção. Ser incluído num projeto ou atividade pode acontecer por sua vontade, porque alguém lhe convidou, ou em decorrência de um programa terapêutico do qual você participa e aquela atividade faça parte. Mas o inserido tem a atividade dentro de si. Ele não tem somente a troca no momento, ele tem uma responsabilidade dele com ele mesmo em relação à atividade. Essa que é a grande diferença. Quando estamos inseridos é inserção mesmo, não é inclusão, tem a ver com desejo, não é apenas estar participando. André Bastos

Jangadear – Método de experimentação anti-institucional de cuidado que faz referência ao conceito de Jangada trazido pelo educador francês Fernand Deligny. Constituído de certa precariedade, no sentido não-normativo, esse modo de clinicar está baseado em encontros que emergem do uso corriqueiro-criativo que o agir comum oferece, produzindo certos nós de convivência. A possibilidade da invenção coletiva do espaço-tempo compreende a ocupação de um meio, criando condições favoráveis ao imprevisível na arte de compor elementos (o que podemos chamar de política do esbarrão). Apostando no dinamismo de um espaço vivo, esse método se dá em casas-clínicas que são, ao mesmo tempo, ponto de partida para o trabalho, e também o seu objeto. São espaços que apontam para fora: fora da casa, fora da razão e fora do aprisionamento capitalístico. Desse modo, os agentes cuidadores trabalham clinicamente como produtores de circunstâncias, com autonomia para criar referências múltiplas de escuta nas microtexturas dos encontros que o acaso oferece. Jangadear é preciso e, ao mesmo tempo, impreciso. Casa Jangada (Alessandra Jordan, Ana Thereza Ribeiro Coutinho, Bettina Mattar, Bruna Pinna, Caroline Valansi, Francisco Costa, Gabriel Geluda, Mayra Wainstok).

Método pode ser cuidado – Partamos, então, da definição preliminar de cuidado como prática de acolhimento (como opera todo acolhimento clínico – do grego Klino, Kline, cama, o inclinar-se sobre o leito do acamado) e de desvio transformador (o inclinar-se na acepção de desviar-se, que em latim se diz Clinamen). O método pode ser prática de cuidado quando fazemos a reversão do meta-hodos para hodos-meta, isto é, não o primado da meta (meta predefinida), como ficou estabelecido em nossa língua no sentido tradicional de método, mas o primado do caminho (hodos). É no percurso que construímos coletivamente nossas metas. O método do cuidado se faz como ação gerúndica de um caminhando (na acepção que Lygia Clark dá a esse termo em 1964). Tal reversão metodológica pressupõe participação e abertura para o novo, incluindo os diferentes sujeitos e atores não humanos (as condições materiais da existência nas cidades, os meios de comunicação, os materiais sensíveis da arte, os objetos técnicos etc) no percurso de construção das metas e de como atingi-las. Garantir a participação é acolher. O acolhimento é condição básica do cuidado, condição necessária, mas não suficiente. Além de acolher a realidade, é preciso garantir a possibilidade de sua transformação. Nesse sentido, o cuidado como método é acolhimento e transformação da realidade. Eduardo Passos

Micro-geografias de afetos
– Ressalta-se como atributo das micro-geografias de afetos o reconhecimento da importância do cuidado com a sutil e frágil potência imaterial das relações e co-criações colaborativas, invocando um pragmatismo ético para a sua materialidade tripartite psico-socio-espiritual no mundo, tais como a tangibilidade intuitiva, a indeterminância do experimental e os riscos de insustentabilidade e impermanência do acontecer solidário temporário. A efemeridade dos eventos que dão potência sensível aos afetos, ao mesmo tempo que exigem uma abordagem geopoética para a sua corporiedade e territorialidade, também estão sujeitos às contingências que atravessam a configuração de uma ética-estética de situamentos com base na produção de escutas e vozes de diferentes vontades e saberes encarnados na prática dos encontros para a construção de uma institucionalidade compartilhada como interesse e bem comum. Como as micro-geografias de afetos são qualificadas pela sua condição relacional intrínseca como acontecer coletivo, é daí que reconhecem sua resistência e consciência de grupo em estado de invenção e agir político-poético. Luiz Guilherme Vergara

Pedagogia É duplamente cruel a origem da palavra pedagogia. Na Grécia Antiga, pedagogos eram os escravizados que conduziam as crianças até os seus preceptores, para que fossem, por eles, conduzidas. Nem as crianças precisam de mestre, nem as pessoas devem ser escravizadas: disso sabem tanto as crianças quanto os incontáveis afrodescendentes e descendentes de indígenas que foram submetidos tanto à educação branca quanto à catequese forçada. Há, no entanto, certas práticas que germinam outra vocação da palavra “pedagogia”. Um fio metodológico secreto articula as ações de Paulo Freire (que sonhava a educação como prática do coletivo – “ninguém educa ninguém”, “as pessoas se educam entre si”), de Nise da Silveira (que sonhava o cuidado como cura coletiva) e o atual estágio da luta pela educação antibancária e o da luta antimanicomial. São ações que parecem saber que a “pedagogia”, mistura de criança e condução, de paidós e agein, fabulam um mundo sem escravos nem adultos, um mundo todo infância. Nesse mundo, a condução é feita pelas crianças – por todos, portanto. Um mundo que se conduza a si mesmo, autogestionado, feito um coletivo infante que, como declarou Leonardo Marona, pode ser “sujo e alegre / após a inundação”. Rafael Zacca

Gramática perceptiva/ Perceptual grammar – Tocar, lamber, bater, digerir, cheirar, beijar, empurrar, esmurrar, ignorar, escutar, deitar sobre, ignorar, esfregar, encarar, sentir, sorrir, Empurrar, ignorar, deitar sobre, deitar ao lado de, encarar, bater, chutar, empurrar, ignorar, encarar, Esfregar, alisar, rolar, rir, gritar, recuar, chiar, balbuciar, encarar, alcançar, deitar sobre, lamber, arranhar, balançar, pular, dormir, berrar, tocar, afagar, arranhar, tamborilar, provar, sacudir, cutucar, acariciar. Alison Stirling

Performática da escuta – Dimensão estética da escuta na clínica que a posiciona como um ato de sensibilidade, mas também de expressividade. O estado de presença de cada um dos agentes é determinante para a configuração da cena: há uma performática do canto em sintonia com uma performática da escuta. “É tão fadista quem canta como quem sabe escutar”, li na parede de uma casa de fados. O ritual fadista estabelece jogos entre canto, música, pausas e silêncios; na encenação dos músicos, nas reações da audiência. A arte do fado se estabelece entre aquele que canta e aquele que ouve, são ambos fadistas. Na clínica, assim como no fado, muitas vezes a sensibilidade do analista se expressa por uma performática da escuta. A performática da escuta torna o analista presente em cena, afirmando ativamente uma posição diante das impressões sensíveis trocadas pela comunicação dos corpos, co-criando uma musicalidade comum ao cuidado. Catarina Resende

Potência – Potência é como uma força interior, capaz de pôr em movimento um corpo, na produção de si e do mundo, tendo como energia propulsora o desejo, que se forma com base nos afetos gerados nos encontros. “[…] a alegria é uma efetuação das potências”, diria Deleuze. O encontro é um acontecimento que afeta os corpos que se encontram, e os modifica, produzindo alegria ou tristeza, o que leva a maior ou menor grau de potência para agir, respectivamente. Por corpo entendemos pessoas e coisas, a obra de arte é um corpo. A arte é um poderoso dispositivo para efetuação de potências, pois “A arte pensa por afectos” (idem). Apostamos na potência, capaz de ativar e fazer vibrar forças criativas, e não no poder, que captura estas mesmas energias. O poder se refere a um ato de governo sobre o outro, produzindo tristeza, ao mesmo tempo é capaz de aprisionar a liberdade de quem o exerce. Liberdade é a grande fonte de criação, e esta se produz com alegria. Segundo Deleuze “O poder é sempre um obstáculo diante da efetuação das potências. Eu diria que todo poder é triste”. Túlio Batista Franco

Presença Pense no médico-artista narrando sua experiência com os internos de um hospital psiquiátrico, e seu interesse no processo de comunicação anterior à linguagem. Olhos e ouvidos para ver e ouvir o que ainda não foi dito, mas que solicita a presença do outro para ser expresso. Pense também na artista atenta ao movimento sutil dos objetos. Um copo cheio de água sobre o calçamento incerto da rua, as ondulações na superfície da água em interação com os movimentos na encruzilhada, a sede saciada de alguém, os cacos no chão molhado. Um milheiro de tijolos dentro do museu, o rastro de pó vermelho no chão da galeria, uma exposição de arte no centro da cidade, uma parede nova no bairro distante. Tudo em vias de se tornar outra coisa. Enrico Rocha

Presença Próxima – Adultos que, junto com crianças autistas, construíram uma vida comum nas residências iniciadas pelo educador francês Fernand Deligny na cidade de Cévennes, França, na década de 1960. Nem médicos, nem psicólogos, nem educadores, as mulheres e homens que viviam com as crianças operavam um cuidado que se pautava na constância – presença – e no respeito ao espaço de outra forma de existir – a ideia de proximidade marca uma distância ética ao impulso do Homem de interpretar e domesticar. Para as crianças; a busca do significado de um comportamento a partir do sujeito e seus desejos representava uma inaceitável violência. A prática do cuidado exigia uma atenção constante, uma postura ética de não permitir que as leis do homem-que-nós-somos orientassem a construção da vida comum. As crianças revelavam, para Deligny, uma existência aquém do Sujeito e do Simbólico: o humano, camada da vida partilhada por todos nós, mas soterrada pelo império da Linguagem e da Lei. O cuidado do humano só podia se dar na distância dos preceitos constitutivos do homem-que-nós-somos, distância que garantia o espaço necessário para que o humano pudesse existir. Noelle Resende

Reparar Principal ferramenta-conceito do Modo Operativo AND, que se desdobra em parar de novo (re-parar), inventariar-inventar atentamente (Reparar/notar) e remanejar-reabilitar para o uso (Fazer a reparação), performando assim a tríplice modulação do gesto de cuidado implicado no reparar. O Modo Operativo AND (MO_AND) é um sistema de improvisação e posição-com de uso transversal, que oferece instrumentos para o estudo praticado das políticas da convivência e das capacidades de auto-observação em ato e de tomada de decisão situada, apoiado na sensibilização e na frequentação de uma ética da suficiência como condição-disposição de si para a entrada em relação com o entorno, permitindo a emergência e a sustentação de acontecimentos comuns metaestáveis. Além do Reparar, o MO_AND propõe um conjunto de conceitos que, através do (contra)dispositivo do jogo performativo, devêm ferramentas-conceito: as modulações políticas da convivência É-OU-E; o jogo das perguntas QUÊ-COMO-QUANDO-ONDE; o jogo de descrição-circunscrição/formulação-performação ISTO-ISSO-ISTO; o diagrama de posicionamento Aberto-Explícito; a proposição da etnografia recíproca enquanto processo de Desfragmentação-Fractalização de si e do entorno; as relações-tensão Composição/Posição-com, Decisão/Des-cisão, Saber/Sabor, Resistência/Re-existência, Coerência/Consistência, Explicação/Implicação, Representação/Presentação, Eficiência/Suficiência, (In)dependência/Autonomia, Relevância/Relevo, Rigidez/Rigor, Justiça/Justeza, etc. Fernanda Eugenio

Respeito – Com licença aquelas vozes que falaram esta palavra, que a falam e aquelas que a falarão. Com licença o cantor Sabotage. Respeito é pra quem tem no país onde de tudo muitos tem pouco e poucos tem muito. Falar do vocábulo nos faz grudar a orelha no dicionário Aurélio da língua portuguesa que diz, em tom de voz soando em norma clássica, lamentável, que respeito é uma ode à submissão. Queria soprar com ventos que entendem e sentem a palavra respeito como palavra possível de descrever o: Gesto de perceber-se grão/Seja de feijão, areia, trigo-pão/ Gesto de não se ver dono do que não se pode, do que não deve ser endonado/ Gesto de buscar saber onde se está, saber de quem são as gotas de suor e de sangue que irrigam o solo sob os pés/ Gesto de perceber-se responsável pelos próprios pés/ Gesto de perceber que são os lugares e seus ventos, memórias, ritmos e cores que devem orientar as medidas das porções das necessidades de falar ou escutar/ Gesto de perceber a própria responsabilidade na camada difusa do tempo, perceber-se como parte das pessoas, das coisas, das palavras e dos mistérios que foram, que são e que serão/ Gesto de pisar suave com um pé e firme com o outro/ Movimento ético de cuidado e preservação da dignidade que passa pela palavra, pelo corpo, pela alma, pelos gestos enfim/ O respeito não nos diminui em relação às pessoas ou as coisas, opera em outra lógica: o respeito nos coloca em convergência/ É o oposto do constrangimento, da vamipirização moralizante da vida, da vergonha/ O respeito é o comeioefim/ É ferramenta de deslocamento, meio de transporte do passo certo, do passe certo/ É sinônimo de chaves, de caminhos abertos/ Laroye Exú/ Entre respeitar ao outro e respeitar a si há nenhuma ou quase nenhuma distância/ Si pá são as mesmas coisas. Rafa Éis

Ritual como método – Entendo rito como um conjunto de gestos, palavras, pensamentos, formalidades e ações que não estão ligados somente uma crença, religião, ou costume popular, mas que pode servir para nos auxiliar na conexão com algum sagrado, que é o nosso sagrado, o nosso sentido profundo das coisas. Vejo que os movimentos ritualísticos-artísticos trazem um caminho para o cuidado, sendo, assim, uma das possibilidades de abordagem, um método de ancoramento, de empoderamento e fortalecimento de um coletivo. Que sejamos também a ritualidade dos momentos, que deixemos que nossos processos possam interagir com o aspecto imersivo do rito, deslocando-o da ação religiosa e o utilizando como prática de atravessamento do tempo e espaço, provocando em si e no grupo uma nova possibilidade de vivência do acontecimento artístico e simbólico. Dai Ramos

Transmutação – Quando o paciente se transforma para uma nova vida psico-social. André Bastos

Vínculo – No campo da Saúde Mental o vínculo é a relação afetiva e de confiança que se estabelece entre duas pessoas, no contexto terapêutico, propiciando ao indivíduo em sofrimento psíquico uma referência estável onde se apoiar e se reorganizar tanto internamente como socialmente.
…“Repetidas observações demonstraram que dificilmente qualquer tratamento será eficaz se o doente não tiver ao seu lado alguém que represente um ponto de apoio sobre o qual ele faça investimento afetivo” Nise da Silveira, no livro Imagens do Inconsciente. Gladys Schincariol

Sobre os participantes

Alison Stirling
Estudou na Escola de Arte de Glasgow do Royal College of Art. Como Diretora Artística da Artlink, ela cria projetos inovadores no setor público há mais de 24 anos. Atualmente, seu foco são práticas artísticas no âmbito do The Ideas Team, cujo ápice será uma grande exposição em 2020. Esse trabalho, que está em andamento, objetiva chamar atenção para aqueles mais marginalizados na nossa comunidade, assim como alterar os preconceitos a eles relacionados e as formas de cuidar desses indivíduos.

Ana Teresa Derraik
Médica, ginecologista e obstetra, mestra em saúde da família. Diretora médica do Nosso Instituto, organização social que promove acesso a direitos sexuais e reprodutivos a mulheres em condição de vulnerabilidade social. Diretora técnica da Derraik Mulher, clínica privada de atenção à saúde feminina.

André Bastos
Fisioterapeuta aposentado, participante da Escola Livre de Artes do Museu Bispo do Rosário onde é integrante do Atelier Gaia, locutor da rádio Delírio Cultural, percussionista no Bloco Recreativo Império Colonial e da Banda 762, compositor das oficinas de integração entre música e literatura dos serviços de saúde mental. Atualmente está internado no núcleo de saúde mental Rodrigues Caldas, no IMAS, mas em processo de desinstitucionalização.

Angela Carneiro
Pesquisadora do coletivo Las Compostivistas, cidades e gestos, e do grupo de pesquisa Entre-Redes. Desenvolveu os projetos: Invenções de Futuro no Território da Surdez, uma parceria entre o Instituto Nacional de Surdos e a Universidade Federal Fluminense, Os Rios que deságuam no Mar, artistas da periferia na exposição “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”, no MAR, e “Trilha Trilhas – fronteiras entre a cidade e a floresta, formas de cuidar”.

Annette Krauss
Em sua prática aborda a intersecção entre arte, política e vida cotidiana. Seu trabalho artístico surge através de diferentes mídias, como performance, vídeo, pesquisa histórica e cotidiana, pedagogia e textos. Krauss (co-) iniciou várias práticas colaborativas de longo prazo: Currículo Oculta, Sites para Desaprendizagem, Leitura, ASK !, Leia as Máscaras. Tradição não é dada e Escola de Temporalidades. Esses projetos refletem e desenvolvem o potencial das práticas colaborativas, ao mesmo tempo em que visam romper com “verdades” que são tomadas como certas na teoria e na prática. Recentes colaborações, exposições, palestras, projeções e oficinas aconteceram no Casco – Escritório de Arte, Design e Teoria, Utrecht; KUNCI, Centro de Estudos Culturais, Yogyakarta; O Showroom, em Londres; Van Abbemuseum, Eindhoven; Kunstverein, Wiesbaden; e Galeria Whitechapel. Desde 2011, Krauss é professor da HKU Fine Art, Utrecht. Atualmente, ela ocupa um cargo de pós-doutorado na Academy of Fine Arts, em Viena.

Casa Jangada
Coletivo formado por 6 profissionais psicoterapeutas, 1 psiquiatra e 1 artista plástica. Os profissionais psi com formação em psicologia clínica, psicomotricidade, trabalham com uma perspectiva fenomenológica da psiquiatria e abordam o trabalho clínico a partir do dispositivo de acompanhamento terapêutico. Alessandra Jordan, Ana Thereza Ribeiro Coutinho, Bettina Mattar, Bruna Pinna, Caroline Valansi, Francisco Costa, Gabriel Geluda, Mayra Wainstok.

Catarina Resende
Professora do Instituto de Psicologia da UFF. Psicóloga Clínica e Terapeuta pelo Movimento. Coordenadora do Laboratório de Subjetividade e Corporeidade (CorporeiLabS – UFF/UFRJ/UFC/FAV).

Cezar Migliorin
Trabalha com palavras e imagens. É artista e professor de Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Cristina Ribas
Trabalha como artista, pesquisadora e curadora. Nasceu no Brasil em 1980. Concebe projetos entre estética e política na forma de residência artística, pesquisa militante e pedagogia radical. Doutora (PhD) no Departamento de Artes no Goldsmiths College University of London (2017). Em 2011, criou a plataforma on line Desarquivo.org a partir do projeto e arquivo Arquivo de emergência (2005). Mais recentemente realizou junto a muitos autores o projeto Vocabulário político para processos estéticos. No último ano tem desenvolvido uma prática em torno de ferramentas do Teatro do Oprimido e experimentos de análise institucional, o Protocolo para Intersectar Vocabulários. Faz parte da rede de pesquisadores Conceptualismos del Sur.

Dai Ramos
A trajetória artística de Dai Ramos é composta por performances coletivas em saraus e em projetos fílmicos. Movida pela cena que envolve a presença do corpo negro diaspórico junto com os ritmos do toque do tambor, suas experiências artísticas incluem a participação no Coletivo Mulheres de Pedra, grupo colaborativo de empoderamento da mulher negra que promove o Sarau Pedra Pura Poesia, e através do Coletivo Audiovisual Elekô, fundado a partir da experiência do quintal de Mulheres de Pedra, com o qual realiza a criação de trilhas sonoras e performances em filmes como Elekô (2015), Quijaua (2016), Tia Ciata (2017) e Fé… Menina (2017).

Eduardo Passos
Psicólogo, professor titular do Instituto de Psicologia da UFF.

Enrico Rocha
Artista e educador. Mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ e bacharel em Comunicação Social pela UFC. Em 2016, orientou grupo de estudos no Instituto Tomie Ohtake em parceria com Vitor Cesar. Entre 2010 e 2012, coordenou o Programa de Pesquisa do Centro de Artes Visuais da Vila das Artes, parceria entre a Prefeitura de Fortaleza e o Centro Cultural Banco do Nordeste. No início de sua trajetória artística, participou do Núcleo de Artes Visuais do Alpendre – casa de arte e produção e foi premiado como artista contemplado no programa Rumos Itaú Artes Visuais 2001/2003. Destaca a apresentação individual dos projetos “Perguntas Ordinárias em Percursos Existenciais”, em 2006, e “Onde Aqui se Localiza”, em 2008, além dos projetos em parceria “108 anos do Poço da Draga”, realizado com a vizinhança do Poço da Draga e apresentado no MAC-CE em 2014, e “Descrito como real”, realizado como Vitor Cesar e apresentado no CCSP em 2015.

Fernanda Eugenio
Antropóloga e artista; trabalha com a construção de modos de composição relacional – nomeadamente o Modo Operativo AND, que desenvolve há quinze anos, explorando usos ético-estético-políticos da etnografia. Desde 2011, dirige o AND_Lab | Arte-Pensamento e Políticas da Convivência (sede: Lisboa; núcleos: Brasil/Espanha). Pós-doutora pelo ICS/Lisboa; doutora e mestre pelo MN/UFRJ. Circula, como professora convidada e com suas criações artísticas, por Brasil, Chile, Argentina, Peru, Portugal, França, Itália, Grécia, Alemanha, República Checa, Reino Unido, EUA, Vietnã etc. www.and-lab.org

Gladys Schincariol
Psicóloga e coordenadora Museu de Imagens do Inconsciente

Iacã Macerata
Psícologo clínico e Professor Adjunto do Departamento de Psicologia de Rio das Ostras da Universidade Federal Fluminense. Pesquisa e atua nas áreas: clínica ampliada; saúde coletiva; políticas de assistência social; psicologia social; métodos de produção de conhecimento em saúde; perspectiva cartográfica; análise institucional; corpo e subjetividade. É pesquisador do grupo de pesquisa Enativos: conhecimento e cuidado (UFF); pesquisador associado ao AND_Lab | Arte-Pensamento e Políticas da Convivência – Lisboa/Rio de Janeiro; e do Laboratório de Subjetividade e Corporeidade (CorporeiLabS – UFF/UFRJ/UFC/FAV).

Izabela Pucu
Artista, curadora, pesquisadora, gestora cultural e editora. Doutora em História e Crítica da Arte PPGAV/EBA/UFRJ. Atual Coordenadora de Educação do Museu de Arte do Rio. Co-coordenadora do projeto arte_cuidado. Foi diretora e curadora do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (2014-2016). Professora substituta do Instituto de Artes da UERJ (2008 a 2012). Pesquisadora do livro Mario Pedrosa: Primary Documents orgs. Glória Ferreira e Paulo Herkenhoff (MoMA/NY, 2016), co-organizou o livro Roberto Pontual: Obra crítica (Prefeitura do Rio/Azougue, 2013), entre outros. Curadora de exposições tais como, “Bandeiras na praça Tiradentes” (2014), “Osmar Dillon: não objetos poéticos” (2015), “A lágrima é só o suor do cérebro”, de Gustavo Speridião (2016).

Jessica Gogan
Curadora, educadora e diretora do Instituto MESA e co-editora da Revista MESA. Doutora em História da Arte pela Universidade de Pittsburgh nos EUA (2016). Pesquisa e atua nas interfaces entre arte e sociedade com foco nos paradigmas e práticas contemporâneas éticas e estéticas que atravessam os campos de arte, curadoria e educação. Em 2017, lançou a publicação Domingos da criação: Uma coleta do experimental em arte e educação premiado pelo Itaú Rumos. Atualmente é bolsista de pós-doutorado PNPD no Programa Pós graduação em Estudos Contemporâneas das Artes da UFF e coordena o projeto Arte_Cuidado com Izabela Pucu.

Lidia Costa Larangeira
Artista, professora e pesquisadora em dança formada pela UNICAMP. Trabalhou como bailarina com coreógrafos como Holly Cavrell, Regina Miranda, Andrea Jabor, Luis Mendonça e Lia Rodrigues, tendo, com a última, colaborado para a criação da Escola Livre de Danças da Maré. É professora dos cursos graduação em dança da UFRJ, doutoranda em Artes na UERJ, e atualmente coordena o Núcleo de Pesquisa, Estudos e Encontros em Dança: www.onucleo.art. Desde 2016 desenvolve um trabalho solo com a performance “Brinquedos para Esquecer ou práticas de levante”.

Luiz Guilherme Vergara
Professor do Departamento de Arte e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF). Como curador/diretor do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) de 2005 a 2008, foi responsável pela curadoria de diversas exposições tais como “Poéticas do infinito” (2005) e “Abrigo poético de Lygia Clark” (MAC, 2006), e pelo programa extramuros Arte Ação Ambiental (MAC,1998-), na comunidade do Morro do Palácio. Em 2013, de volta para a curadoria/direção do MAC, foi curador das exposições “Alexandre Dacosta: percursos de coexistências improváveis” e “Suzana Queiroga: olhos d’água” e participou das equipes e colaborações curatoriais das mostras de “Joseph Beuys: Res-Pública – Conclamação” para uma alternativa global e “Carlos Vergara: Sudário”. É coeditor da Revista MESA, e seus interesses de pesquisa concentram-se na interface entre arte, museus e sociedade.

Mariana Guimarães
Artista, educadora e pesquisadora. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Docente de Artes Visuais do Colégio de Aplicação da UFRJ. Doutoranda em Artes Visuais pelo PPGAV/ EBA/UFRJ. Sua pesquisa está relacionada com a investigação do fio como dispositivo de mediação na arte contemporânea e educação em diálogo com práticas ancestrais de tessitura e seus inúmeros desdobramentos políticos, estéticos, éticos e sociais. Desenvolve trabalhos e pesquisas com distintos grupos em diversos territórios. Sobre seu trabalho ver www.marianaguimaraes.art.br.

Noelle Resende
Militante de Direitos Humanos, integrante da Subcomissão da Verdade na Democracia – Mães de Acari (Comissão de Direitos Humanos da ALERJ), trabalha com memória coletiva para a defesa dos direitos e o enfrentamento à violência de Estado.

Rafa Éis
[Rafael Silveira] Artista visual, educador e tatuador. Mestre na linha de Processos Artísticos Contemporâneos pelo PPGARTES-UERJ, atua entre arte, filosofia, educação e política através de gestos envolvendo diversas linguagens como desenho, vídeo, objeto, ações relacionais e artes corporais. Desde 2007, tem colaborado com projetos pedagógicos de diversas instituições dedicadas à arte moderna e contemporânea. É integrante-fundador do Coletivo E, grupo independente de artistas-educadores. Atualmente, é orientador de oficinas artísticas de artes visuais no Centro Cultural UERJ/CoArt, além de colaborar com o Centro Cultural Pequena África.

Rafael Zacca
Poeta e crítico. Co-articulador da Oficina Experimental de Poesia. É doutorando em Filosofia pela PUC-Rio e pesquisa a obra de Walter Benjamin. Colabora com o Jornal Rascunho e com a Revista Escamandro. Realiza oficinas de criação, tendo atuado em universidades, escolas, centros culturais e festivais. Publicou os livros de poemas Kraft (2015, Cozinha Experimental), Mini Marx (2017, 7Letras) e A Estreita Artéria das Coisas (2018, Garupa). É co-autor do livro de oficinas Almanaque Rebolado (2017, CMAHO, Azougue, Cozinha Experimental, Garupa). https://rafaelzacca.com/.

Ruth Torralba
Ruth Torralba é Professora dos Cursos de Dança da UFRJ. Psicóloga Clínica e Terapeuta pelo Movimento com Aperfeiçoamento em Eutonia. Mestre e Doutora em Psicologia. Autora do Livro Sensorial do Corpo: via régia ao inconsciente, EDUFF, 2016.

Steven Hollingsworth
É um artista de Glasgow. Ele é Mestre em Belas Artes pela Escola de Artes de Glasgow. Também colabora com a Artlink, e os trabalhos resultantes dessa parceria influenciaram seus estudos para PhD no Royal Conservatoire da Escócia. Mantém uma prática colaborativa – intitulada Two Ruins – com Jim Colquhoun, escritor e artista que também colabora com a Artlink. Eles utilizam performance, neon, som, instalação, texto e filme.

Túlio Batista Franco
Psicólogo, doutor em saúde coletiva pela Unicamp e pós-doutor em ciências da saúde pela Universidade de Bolonha – Itália. Professor Associado junto ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense, onde foi pró-reitor de Gestão de Pessoas. Membro titular da Câmara Técnica de Atenção Básica do Conselho Nacional de Saúde, e é Líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos do Trabalho e Subjetividade em Saúde – LETRASS/CNPq-UFF. Membro do Laboratório Ítalo-Brasileiro de Formação, Pesquisa e Práticas em Saúde Coletiva. Autor de livros e artigos sobre o trabalho e cuidado em saúde, micropolítica, estudos da subjetividade, saúde indígena.

Virgínia Kastrup
Doutora em Psicologia Clínica (PUC-SP), Professora Titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e bolsista PQ do CNPq na área de psicologia cognitiva. Suas pesquisas se articulam em torno do problema da invenção, com desdobramentos sobre a aprendizagem, a atenção, a arte e a deficiência visual. Publicou diversos livros e artigos sobre tais temas.