Laboratório Contemporâneo: Caminhada silenciosa com Vivian Caccuri. Rio De Janeiro, 10 de dezembro de 2014. Foto Jessica Gogan.
Casa 5 – Poética dos encontros | Encontro das poéticas
Michel Schettert e Rafa Éis
Quando artistas de diversas linguagens se reúnem em um laboratório de pesquisa para investigar as possibilidades da arte contemporânea, as consequências implicam experimentos de fusão: o laboratório fornece as drogas necessárias – música, dança, pintura, teatro, literatura, fotografia, grafite, poesia, costura, performance, vídeo – e os pesquisadores testam as combinações, dentro e fora do laboratório. Trocar hipóteses passa então a ser um processo inevitável em que os artistas procuram reinvenções de si para produzir em grupo. A mescla de subjetividades resulta em trabalhos criados num campo híbrido.
No Laboratório Contemporâneo surgiram — além das colaborações que desaguaram em Olha, imagina, escuta, sente — modos de “fazer junto” que excederam o próprio programa experimental no qual mergulhamos. Alianças para pensar e fazer coletivamente, pequenos agrupamentos para a formalização de ideias que a sós não seriam possíveis.
Michel Schettert
O vídeo Bangu, gravado no bairro homônimo, com o designer Felipe Nunes, se distancia do formato documental ao mesmo tempo em que se aproxima de uma linguagem baseada nas minhas pesquisas sobre videodança.
A motivação veio de Felipe, após assistir à minha videodança Yaras. A linguagem experimental lhe despertou a vontade de produzir algo que pudesse relacionar sua arte urbana ao vídeo. A isto, acrescentei a visualidade noturna do bairro com a musicalidade da umbanda, religião de Felipe, em busca de um diálogo que incluísse corpo, espaço e tempo. O vídeo percorre a madrugada, desde o caminho para Bangu, passando pelo tempo da pintura até o amanhecer, sempre se defrontando com os acasos típicos da rua.
Dentre os improvisos jogados na experiência imersiva, o bailarino Henrique Castro fez algo que me marcou – ele confundia a hora de escrever com o tempo de dançar. Assim nasceu minha vontade em fazer esta videodança. Após rever o material de improvisos, os dois artistas voltaram à sala e conceberam a vídeodança Sala 17.
Rafa Éis
Trabalho era um desejo anterior ao Laboratório Contemporâneo, que encontrou possibilidade de acontecimento por meio da colaboração de Jandir Jr. Tratava-se de uma ação performática a ser realizada em espaço público. A ação era pautada na panfletagem e, quando soube que esta também era uma estratégia de interesse para Jandir — utilizada em Clube do silêncio –, convidei-o a colaborar captando imagens através do vídeo. Assim, no dia 30 de outubro de 2014 fomos ao Largo do Machado. Ágora urbana, verdadeiro microcosmos relacional na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Entre conversas sobre modos de apresentação e partilha da arte, pude contar com o olhar desse amigo e artista que admiro. Luan Machado ainda juntar-se-ia a nós naquela manhã. Sobre Clube do silêncio
Trabalho pode ser conferido em: