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Conferência-espetáculo Olha, imagina, escuta, sente. Casa Daros, dezembro de 2014. Foto: Jessica Gogan 

Casa 6 – Linguagens

Raphael Giammattey

Em termos de linguagem, o que o Laboratório Contemporâneo trouxe à mesa? Foi uma proposta de formação, de experimentação, de coletivo e de interatividade? Ou simplesmente a motivação para os jovens artistas se arriscarem a criar numa linguagem que não a sua, com a qual eles nunca haviam lidado antes?

Os múltiplos saberes juntados pela gama de artistas de diversas linguagens não explicam o ocorrido. Não seria frutífero falar sobre a ideia de performance trabalhada coordenadamente por um poeta, um músico e um dançarino. A reunião das linguagens não corresponde à organicidade de artistas de cada gênero. Há algo que acontece quando não dispomos no mesmo lugar os saberes. Esperamos alguma coisa deles, que não é, necessariamente, a artisticidade. Se, por exemplo, espero ter um dançarino no meio de atores, eu espero suas avaliações sobre o movimento de todos; ou, se espero um músico para compor uma trilha sonora, eu espero que ele organize nossas experiências através do som.

A conclusão a que se chega é a de que, delimitado o gênero ao qual o artista pertence em virtude do seu campo profissional, sei o que esperar assim como sei o que pedir a ele, ou seja, não há efetivamente uma troca artística. Agora, quando dois artistas sentam para conversar, o que acontece? Suas linguagens se borram ou cada um fala de si e das técnicas que utiliza? Como eles planejariam uma obra que levasse a assinatura de ambos, sem conferir um peso maior a um só nome? De que modo seria explicada a obra que não tem uma autoria definida? E levando a questão para a conferência-espetáculo, como dezessete artistas contam o que lhes aconteceu se o que lhes aconteceu não aconteceu exclusivamente a apenas um deles?