Política de resistência e lutas identitárias: a arte de rua de Twenty Three
Atuo na cena da arte de rua há 8 anos e escolhi intencionalmente o espaço público para expor meu trabalho porque ele pertence ao mesmo tempo a todos e a nenhum de nós. Na cena pública, a dinâmica da rua afeta o resultado, pois seu público não é necessariamente relacionado à arte, e o impacto visual é diferente. Tendo crescido em uma zona de conflito como o Chipre, percebi que não há um diálogo público adequado sobre as questões de identidade dos cipriotas e comecei a usar a arte de rua para abrir um espaço para o diálogo sobre questões ocultas, como racismo, nacionalismo e colonialismo. Ao longo dos anos, comecei a desenvolver um entendimento sobre a necessidade da coexistência das populações da ilha, uma visão que continua minoritária a nível local. Acredito que uma parte do meu trabalho seja arte participativa/socialmente situada, mas não me considero propriamente um ativista. Trabalhando no espaço público, percebi que a arte de rua tem uma temporalidade e dá uma dimensão efêmera ao meu trabalho, pois pode ser vandalizado ou simplesmente destruído por diversas condições.
Também tenho me concentrado em políticas de resistência e lutas identitárias além do Chipre, com comunidades indígenas no México e uma comunidade étnica grega no sul da Itália. No Chipre, acho que a arte é uma ferramenta apropriada para desconstruir a doutrinação que é passada para os jovens por meio da escolaridade e do serviço militar obrigatório em ambas as comunidades. A arte é capaz de construir uma confiança mútua e compreensão entre as duas comunidades.
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Twenty three
Artista visual cipriota que atua nas ruas desde 2012. Expressando um grande interesse pela cultura urbana, sua crítica se manifesta de forma firme e consciente através de uma série de obras poderosas, que são compostas por apropriações e justaposições de imagens icônicas, símbolos e representações problemáticas. Ao dominar as técnicas de lambe-lambe e estêncil, Twenty three cria uma linguagem visual conectada com o contexto urbano enquanto perturba narrativas dominantes. Suas obras de arte – feitas principalmente com estêncil ou lambe-lambe – podem ser encontradas em Nicósia, Madri, Corunha, Brighton, Roma, Palermo, Cidade do México, Oaxaca, Chiapas. Um elemento integrante do seu trabalho é a formulação de questões, em relação à identidade cipriota e a negociação da relação com as estruturas sociais, história e tradição. Twenty three tem um forte enfoque na política de resistência em um ambiente pós-moderno em todo o mundo. Para obter mais informações: https://twentythree.com.cy/