Arte, educação, festa ou manifestação, tudo isso e nada disso. Situando-se em meio às mudanças radicais na arte e cultura dos anos 60 e 70, no auge da ditadura militar, os Domingos da Criação, organizados pelo crítico e curador Frederico Morais, em 1971, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), como coordenador dos cursos, eram exercícios experimentais de todos os sentidos; acontecimentos muito vivos e ligados ao espírito experimental da época.
Os seis happenings que integraram os Domingos - Um domingo de papel (24 de janeiro), O domingo por um fio (7 de março), O tecido do domingo (28 de março), Domingo terra a terra (25 de abril), O som do domingo (30 de maio) e O corpo a corpo do domingo (29 de agosto) - envolveram artistas como Antonio Manuel e Carlos Vergara, assim como muitos outros trabalhando em várias modalidades criativas como o diretor de teatro Amir Haddad e os dançarinos/coreógrafos Klauss e Angel Vianna. Os materiais empregados foram doados por indústrias e colocados à disposição do público, que com eles exercitava livremente sua criatividade. Os eventos atraíram milhares de pessoas, aparecendo regularmente nos jornais da época. Ainda assim, há pouca pesquisa e publicações sobre essas histórias.
Premiado pelo Itaú Rumos 2015-2016 e lançado no final de 2017 o livro Domingos da Criação: uma coleção poética do experimental em arte e educação, feito em colaboração com Frederico Morais, busca resgatar e revistar essa história. A ideia de uma “coleção poética”, que permeia essa edição, vem da pesquisa de Frederico sobre os frequentadores do MAM no início dos anos 70, revelando que para muitas pessoas há um “acervo poético”: na história, nas memórias e nos afetos, que sugerem outras perspectivas de museu e de exposição para além dos objetos, um espaço-tempo poético, que se refere também ao lugar e à própria paisagem: o “silêncio, o barulho, a brisa, a pedra, a vegetação”.1
Com 304 páginas a publicação é concebida como um livro-arquivo composto por diversas camadas: mais de 100 fotos dos Domingos, seleções de artigos de Frederico e outros jornais da época, entrevistas com artistas e colaboradores nos eventos, nos cursos no MAM e na experimentação do momento, além de ensaios e outros materiais encontrados na pesquisa (Amir Haddad, Angel Vianna, Anna Bella Geiger, Antonio Manuel, Carlos Vergara, Cildo Meireles e Luiz Alphonsus). A fim de nos reconectar com esse passado-futuro, Uma coleção poética busca gerar uma plataforma de memória e reflexão sobre os Domingos e seus sentidos ampliados de arte e educação no contemporâneo.
1COSTA, Odacy da. O público do MAM. O Jornal. Rio de Janeiro, 11 de março, 1973.
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Coordenação, Pesquisa e Edição
Jessica Gogan
Colaboração
Frederico Morais
Projeto Gráfico e Diagramação
Adriana Cataldo
Produção
Sabrina Curi
Textos
Frederico Coelho, Frederico Morais e Jessica Gogan
Entrevistas
Amir Haddad, Angel Vianna, Anna Bella Geiger, Antonio Manuel, Carlos Vergara, Cildo Meireles e Luiz Alphonsus
Edição: Jessica Gogan
Colaboração: Frederico Morais, Guilherme Vergara e Marisa Mello
Em especial: Marina Magalhães (Angel Vianna) e Denise Adams (Antonio Manuel)
Transcrição
Alexandre Sandeville
Revisão
Rosalina Gouveia
Fotografia
Beto Felício e Raul B. Pedreira Filho
Adicional: Carlos Vergara, Jornal do Brasil (Ronaldo Theobald), MAM RJ, O Globo
Filmes (Frames)
Carlos Vergara e Fernando Silva
Organização
Instituto MESA
Parceira
Automática
Apoio
Rumos Itaú Cultural
Jornal do Brasil S/A
MAM RJ
Impressão
Ipsis
ISBN
978-85-94487-00-1
Realização
Ministério da Cultura - Governo Federal